Mais de R$ 92 milhões permanecem parados em contas públicas desde 2022, aponta auditoria do Tribunal

Uma auditoria temática do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) escancarou um dado alarmante: nove municípios paraibanos receberam recursos públicos para a construção de creches e, três anos depois, não iniciaram nenhuma obra.

O levantamento faz parte da Auditoria Temática nº 03/2025, que avaliou a execução dos convênios celebrados entre o Governo do Estado e 212 prefeituras paraibanas no âmbito do Programa Paraíba Primeira Infância, voltado à ampliação da educação infantil.

R$ 92 milhões parados e nenhuma creche iniciada

Mesmo após o repasse integral dos valores em 2022, a auditoria apontou que mais de R$ 92 milhões permanecem parados nas contas bancárias específicas dos municípios. Um volume expressivo de recursos que, em vez de gerar vagas em creches, está sendo corroído pelo tempo e pela inércia da gestão pública.

Segundo o relatório, os nove municípios que não iniciaram sequer a licitação ou cadastro das obras são:

  • Cabedelo
  • João Pessoa
  • Curral Velho
  • Natuba
  • Soledade
  • Guarabira
  • Santa Rita
  • Alagoa Grande
  • São Domingos

Todos esses municípios receberam valores estimados entre R$ 869 mil e R$ 1,1 milhão para a construção de creches do tipo A (capacidade para 100 crianças) ou tipo B (50 crianças), com previsão de execução entre 7 e 10 meses. No entanto, três anos se passaram sem que nenhuma etapa fosse iniciada.

Milhares de crianças seguem desatendidas

A inação desses gestores contribui diretamente para o prejuízo educacional de pelo menos 11.850 crianças, segundo estimativas do TCE-PB. O número considera o total de creches não iniciadas, paralisadas ou com obras comprometidas em todo o estado.

Além disso, a auditoria revelou que 60% das unidades escolares já existentes operam acima da capacidade e quase metade tem mais de 15 anos de uso — evidenciando um sistema sobrecarregado e defasado.

Abandono, risco e omissão

Embora a manchete destaque os nove municípios que nem sequer iniciaram as obras, o relatório também traz outros casos críticos: obras declaradas como “em andamento” no sistema GeoPB, mas visivelmente abandonadas ou deterioradas, como é o caso de:

  • Imaculada
  • Juazeirinho
  • São José de Caiana
  • Monte Horebe
  • Juarez Távora
  • Conde

Em Juarez Távora, por exemplo, imagens da obra mostraram completa paralisação, mesmo com registros de suposta execução no sistema oficial — o que expõe falhas graves na transparência e fiscalização local.

TCE-PB cobra responsabilidade

Além de registrar o descaso, o TCE-PB constatou diversas irregularidades na aplicação dos recursos, como pagamentos sem respaldo oficial, licitações ausentes e movimentação de valores fora das contas específicas.

O Ministério Público de Contas (MPC) já apresentou 26 representações contra gestores públicos, com pedidos de responsabilização e devolução dos recursos. Municípios como Boqueirão, Gurjão, Remígio e Conde estão entre os alvos dessas ações.

Clique aqui e confira a íntegra do relatório da Autoria do TCE-PB.

(Fonte: redação Click100 com Ascom TCE-PB)

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