Na cidade onde o sol nasce primeiro, correr antes das 6h é mais que rotina — é filosofia de vida
Por volta das 4h50 da manhã, enquanto boa parte do Brasil ainda repousa sob o véu da madrugada, João Pessoa — ou Parahyba, para os que carregam afeto nas palavras — já está desperta. Aqui, onde o sol nasce primeiro nas Américas, o dia começa com poesia natural e suor nobre escorrendo pelas têmporas dos que entenderam que viver bem é, antes de tudo, viver cedo.
A capital paraibana guarda um tesouro que não se esconde: sua orla é uma das mais belas do mundo. Plana, limpa, arborizada, generosa em sombra e brisa, ela se estende como um tapete aberto para quem escolhe correr ao invés de dormir mais um pouco. Entre 5h e 8h da manhã, a avenida beira-mar se transforma num santuário urbano da vitalidade. Os carros? Banidos. O ronco dos motores dá lugar ao deslizar dos patins, ao assobio das bikes, ao ritmo cadenciado das passadas, ao riso de quem descobriu que o corpo em movimento é um dos estados mais sinceros da alegria.
Correr na capital Parahyba é um privilégio que custa apenas disposição. A recompensa é imediata: o céu pintado em tons dourados e rosados, o cheiro do mar ainda acordando, a brisa úmida que refresca até a alma. Tudo isso sob o olhar gentil dos coqueiros, como se a própria natureza batesse palmas a cada quilômetro vencido.
Essa cidade não apenas convida à corrida — ela empurra, inspira, oferece condições ideais. É como se tivesse sido desenhada para ser aproveitada em movimento. Cada passo dado no calçadão é um pacto silencioso com a saúde, com a beleza, com o tempo bem vivido. Parahyba não tem pressa, mas sabe recompensar quem levanta cedo.
Há algo de espiritual nesse ritual. À medida que o corpo aquece, o coração desacelera da correria mental. Corre-se para alcançar paz, e não pódio. Corre-se para lembrar que estamos vivos — e com sorte, felizes. Na capital Parahyba, o amanhecer é mais que um momento do dia: é um modo de vida.
Quem já correu ao lado daquele mar sabe do que estou falando. Quem ainda não correu, um dia vai entender: aqui, a vida começa às 5h da manhã — e começa bem.
Parahyba, 23 de julho de 2025
Henrique Maroja
(Foto de capa: Freepik Wirestock)