O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), emprega como assessor parlamentar o caseiro de sua fazenda na cidade de Serraria (PB), segundo denúncia repercutida nacionalmente.
O funcionário Ary Gustavo Soares, que atua como caseiro na fazenda da família de Hugo Motta, está registrado como secretário parlamentar no gabinete do deputado desde 2019, diz a reportagem..
Segundo a Folha, ele recebe R$ 7.200 mensais em salários e auxílios pagos pela Câmara dos Deputados. Porém, a redação do Click100, ao consultar os dados abertos na Câmara dos Deputados, constatou que Ary Gustavo Xavier Guedes Soares, receberia na verdade, um total de R$ 6.507,71 conforme registros oficiais.e que o período de exercício seria desde 30/04/2024. Porém, a própria Câmara registra outro dado na página de consulta sobre remuneração mensal e diz que a data de exercício referente ao secretário paralamentar seria de 02/02/2011. (Veja imagem no final da matéria ou clique aqui para ver o registro endereço oficial)
Ainda segundo a reportagem, a propriedade rural, localizada em Serraria, município de 6 mil habitantes no interior da Paraíba, foi adquirida por Motta em março de 2023 por R$ 2,7 milhões. A fazenda está registrada em nome da empresa Medeiros & Medeiros Ltda., pertencente à esposa e aos filhos do parlamentar. O local abriga a Agropecuária Tapuio, nome fantasia da empresa Hugo M Wanderley da Nobrega Ltda.
Todas estas informações foram divulgadas pela Folha que chegou a enviar um repórter para o interior da Paraíba para checar os fatos pessoalmente.
Segundo a legislação vigente, o cargo de secretário parlamentar exige dedicação exclusiva e jornada de 40 horas semanais, sendo vedado o exercício de outras atividades incompatíveis com a função pública. No entanto, testemunhas ouvidas pela reportagem da Folha confirmaram que Ary atua como caseiro na fazenda durante toda a semana, dormindo na casa principal e coordenando tarefas operacionais.
O jornalista enviado descobriu que o ex-tratorista Antonio da Costa, que trabalhou na fazenda até junho de 2023, relatou que recebia ordens diretamente de Ary e que o funcionário permanecia no local de segunda a sexta-feira, retornando a Patos nos fins de semana. Costa moveu ação trabalhista contra a empresa de Motta e venceu, recebendo R$ 18 mil. Ary foi o preposto da fazenda no processo.
A reportagem também confirmou, por meio de visita à propriedade e entrevistas com vizinhos, técnicos agrícolas e funcionários locais, que Ary é o responsável por autorizar entradas na fazenda e gerenciar o cotidiano da operação rural. Uma funcionária identificada como Maria afirmou que Ary “passou mais cedo” no dia da visita da Folha.
Além disso, Ary é apontado como motorista de Motta em Patos nos fins de semana, cidade que é base política do parlamentar. A legislação da Câmara permite que secretários parlamentares atuem como motoristas, mas apenas em funções diretamente ligadas à atividade parlamentar — o que não inclui tarefas particulares como cuidar de propriedades rurais.
A família de Hugo Motta também emprega dois parentes de Ary em cargos públicos. Sua esposa, Isabella Perônico, recebe R$ 14,3 mil mensais no gabinete da avó de Motta, Francisca Motta. Já seu irmão, André Guedes, é superintendente da PatosPrev, com salário de R$ 13 mil. A nomeação foi feita pelo prefeito de Patos, Nabor Wanderley, pai de Hugo Motta.
O deputado não se manifestou sobre o caso, apesar de ter sido procurado pela imprensa desde o dia 13 de agosto. Em julho, após denúncias de funcionários fantasmas em seu gabinete, Motta afirmou que “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários”.
A Folha revelou que três funcionárias — Gabriela Pagidis, Monique Magno e Louise Lacerda — estavam registradas como assessoras, mas não exerciam funções parlamentares. Pagidis e Magno foram demitidas após a denúncia; Lacerda permanece no cargo.
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O caso levanta questionamentos sobre o uso da verba de gabinete, que pode chegar a R$ 133 mil mensais por deputado, e sobre a fiscalização da atuação dos secretários parlamentares, especialmente os lotados fora de Brasília.
Clique aqui para conferir fotos da fazenda e a matéria completa da Folha.
(Fonte: redação Click100 com Câmara dos Deputados e Folha / Foto: reprodução Agência Brasil | José Cruz)
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