Estado supera média nacional e exige atenção redobrada em rodovias e áreas vulneráveis
A Paraíba ocupa posição alarmante no novo levantamento do Projeto Mapear: é o segundo estado do Nordeste com média de pontos críticos de exploração sexual infantil acima da média nacional. Os dados, divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em parceria com a fundação Childhood Brasil, revelam que o estado tem 8% de seus pontos classificados como críticos — índice superior à média nacional de 4,6%.
O estudo mapeou 17.687 locais vulneráveis em rodovias federais do país no biênio 2023-2024, um salto de 83% em relação ao período anterior. O Nordeste lidera o ranking com 6.532 pontos, sendo a Paraíba um dos destaques negativos ao lado do Ceará (15%) e Maranhão (6%).
Esses pontos são identificados por agentes da PRF por meio de um aplicativo que avalia critérios como iluminação, fluxo de pessoas e venda de bebidas alcoólicas. Postos de combustíveis, bares e pontos de alimentação estão entre os principais locais mapeados.
Segundo Eva Cristina Dengler, da Childhood Brasil, os pontos críticos e de alto risco são prioridade nas ações de fiscalização, educação e repressão. “Nosso objetivo é chegar a esses locais antes que os crimes aconteçam”, afirma.
Na Paraíba, o perfil das vítimas é recorrente: meninas, menores de idade, em situação de vulnerabilidade social, com baixa escolaridade e vindas de periferias e áreas rurais. A promotora de Justiça da Infância e Juventude, Soraya Nóbrega, destaca que o enfrentamento à exploração exige articulação entre conselhos tutelares, escolas, forças de segurança e demais órgãos de proteção. “Somente a atuação conjunta garante a proteção integral da criança e do adolescente”, reforça.
A psicóloga Andréa Cordeiro alerta que muitas escolas do Nordeste ainda não possuem protocolos claros para identificar e reportar abusos. Campanhas como o Maio Laranja ajudam a aumentar as denúncias, mas poucas cidades mantêm ações preventivas durante o ano.
O Projeto Mapear também compartilha os dados com redes municipais, permitindo o planejamento de ações locais. Na Paraíba, essa integração tem sido essencial para ampliar a vigilância em áreas de risco, especialmente em zonas turísticas e regiões economicamente estratégicas cortadas por rodovias federais.
Como denunciar:
- Disque 191 – PRF: denúncias nas rodovias federais (ligação gratuita)
- Disque 100 – Secretaria de Direitos Humanos: denúncias anônimas
- App Direitos Humanos BR – disponível para Android e iOS
- Safernet – denúncias online: new.safernet.org.br/denuncie
(Fonte: redação Click100, Projeto Mapear – PRF, Liberta Brasil e Childhood Brasil / Foto: Freepik)