Depoimento foi dado à TV Record; influenciador paraibano é acusado de explorar menores
A mãe de uma das adolescentes que viviam com o influenciador paraibano Hytalo Santos, preso na última sexta-feira (15/08) sob suspeita de tráfico de pessoas e exploração sexual infantil, afirmou em entrevista à TV Record que não enxergava problemas na relação da filha com o criador de conteúdo nem nos vídeos que ela publicava. “Vendi minha casa, abandonei meu emprego e fui viver a vida com ela, realizar o sonho dela”, disse. “Eu nunca vi nada demais.”
O caso ganhou repercussão nacional após denúncia do youtuber Felca, que expôs em vídeo o uso de crianças e adolescentes por influenciadores para gerar lucro nas redes sociais. Segundo o Ministério Público da Paraíba, Hytalo oferecia cerca de três salários mínimos às famílias dos menores para que eles morassem em sua casa, onde eram chamados de “crias” e apareciam em vídeos de dança, muitos com pouca roupa.
A mãe da adolescente, cuja identidade foi preservada, também rebateu críticas sobre a “adultização” da filha: “Não concordo com nada, como é que ela está sendo adultizada se ela teve infância?”. Ela e a filha receberam uma casa do influenciador.
O pai da jovem, separado da mãe, relatou preocupação com a exposição da filha desde 2019, quando procurou o Conselho Tutelar pela primeira vez. “Nunca quis isso para ela. Eu queria um futuro para ela, que ela estudasse, que ela se formasse, que ela tivesse uma profissão boa, não estar exibindo o corpo para todo mundo ver”, afirmou. Ele também teve sua identidade preservada.
A adolescente, por sua vez, acusou o pai de agressões durante a convivência familiar e relatou que Hytalo teria dito que “seria seu pai”. Segundo o Ministério Público, o influenciador exercia controle sobre os celulares dos adolescentes e funcionários, impedindo que postassem em suas próprias redes. A estratégia concentrava audiência e monetização exclusivamente em seus perfis.
“Hytalo Santos exercia um controle significativo sobre os celulares de adolescentes e funcionários. Este controle fazia parte de um padrão mais amplo de gerência sobre a vida pessoal e profissional das pessoas ligadas a ele”, informou o MP.
O influenciador, que ostentava nas redes sociais com doações de celulares, carros e até cirurgias plásticas para as adolescentes, está sendo investigado desde 2024. Sua conta no Instagram foi banida após a denúncia, e a de seu marido — também preso — foi desativada poucas horas depois de publicar uma mensagem em defesa de Hytalo.
A defesa do casal afirma que ambos são inocentes e que a prisão é uma medida “extrema”. Eles dizem estar à disposição das autoridades.
O caso reacende o alerta sobre os riscos da exposição infantil nas redes sociais e o papel dos responsáveis legais. Especialistas recomendam atenção redobrada dos pais aos conteúdos consumidos e produzidos por menores, além dos códigos usados para pornografia infantil em ambientes digitais.
(Fonte: redação Click100, TV Record, Estadão, Ministério Público da Paraíba, vídeo de Felca)