Ex-presidentes do INSS serão ouvidos em Brasília sobre esquema de descontos indevidos em benefícios
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aprovou nesta terça-feira (26/08) a convocação de dois ex-presidentes do órgão nascidos na Paraíba: Leonardo Gadelha e Leonardo Rolim. Ambos serão ouvidos em Brasília sobre suspeitas de irregularidades envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões.
Leonardo Gadelha presidiu o INSS entre 2016 e 2017, durante o governo Michel Temer. Já Leonardo Rolim esteve à frente do instituto entre 2020 e 2021, na gestão de Jair Bolsonaro. Os dois integram a lista de dez ex-presidentes convocados pela comissão, que investiga um esquema de cobranças não autorizadas em benefícios previdenciários, com prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões.
A CPMI foi instalada com apoio de 223 deputados e 36 senadores, número superior ao mínimo exigido. A comissão tem prazo de 180 dias para concluir os trabalhos e é composta por 15 senadores e 15 deputados. A primeira sessão oficial ocorreu nesta terça-feira, com aprovação de mais de 30 requerimentos, incluindo convocações de ex-ministros da Previdência, dirigentes de entidades com acordos junto ao INSS e representantes da Polícia Federal, CGU e DPU.
Esquema sob investigação
As investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União apontam que, entre 2019 e 2024, aposentados e pensionistas foram vítimas de descontos indevidos em seus benefícios, sem autorização prévia. O esquema envolvia associações e entidades que operavam por meio de convênios com o INSS, e que teriam se beneficiado de falhas nos mecanismos de controle interno.
Entre os nomes considerados centrais na operação estão Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, Domingos Sávio de Castro e Maurício Camisotti, todos convocados para prestar esclarecimentos à CPMI.
Contexto político e próximos passos
A convocação dos ex-presidentes paraibanos ocorre em meio a um esforço da comissão para mapear responsabilidades administrativas e operacionais que permitiram a continuidade das fraudes ao longo de diferentes gestões. A expectativa é que os depoimentos tragam luz sobre decisões internas, contratos firmados e medidas de fiscalização adotadas durante os respectivos períodos de comando.
A CPMI também requisitou acesso a documentos sigilosos, auditorias internas e sistemas operacionais do INSS, além de solicitar apoio técnico de servidores especializados para aprofundar as análises.
(Fonte: redação Click100 com UOL, Valor Econômico / Imagem: Ascom INSS)