Nome de José Marcos surgiu após quase um ano e meio de disputa política entre Câmara, Senado e governo
A imprensa nacional revelou que a nomeação de José Marcos de Carvalho para a vice-presidência de governo da Caixa Econômica Federal, anunciada no último dia 19 de agosto, foi resultado direto de uma articulação política entre os deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) e Arthur Lira (PP-AL), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A escolha encerra um impasse de quase um ano e meio e reacende o debate sobre indicações políticas em cargos estratégicos de estatais.
Bastidores da indicação
Segundo apuração de veículos nacionais, como a Folha, o nome de José Marcos, que assim como Motta, também é paraibano, foi apresentado ao presidente Lula como parte de um acordo entre lideranças da Câmara dos Deputados e o governo federal. Hugo Motta, atual presidente da Casa, e Arthur Lira, ex-presidente e padrinho político do atual presidente da Caixa, Carlos Vieira, foram os responsáveis por destravar a nomeação.
A vice-presidência de governo da Caixa. conforme checou a redação do Click100, é considerada uma das posições mais estratégicas da estatal, por sua atuação direta em programas sociais como Bolsa Família, Pé-de-Meia e seguro-desemprego, além da interlocução com estados e municípios.
Impasse político e disputa institucional
O cargo estava vago desde abril de 2024, quando o então vice-presidente Marcelo Bomfim faleceu. Desde então, a disputa pela vaga envolveu diferentes forças políticas, incluindo o Senado, que tentava manter influência sobre a escolha. Bomfim era próximo do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do governador Romeu Zema (Novo), o que dificultou a substituição.
A mudança na presidência da Caixa, com a entrada de Carlos Vieira — aliado de Lira — e o fortalecimento da base governista na Câmara, foram decisivos para destravar a escolha. A indicação de José Marcos, paraibano como Motta, reforça o alinhamento político entre o banco estatal e o centrão.
Governança e critérios técnicos
Em nota oficial, a Caixa afirmou que todas as indicações para vice-presidências seguem os ritos de governança previstos na Lei das Estatais:
“Todas as indicações de vice-presidentes passam por análise criteriosa quanto aos requisitos e experiência, passando pelo crivo do Comitê de Elegibilidade e são submetidas ao aval do Conselho de Administração da Caixa.” — Caixa Econômica Federal
José Marcos é servidor de carreira e já atuou como superintendente executivo e regional em Campina Grande (PB), além de ocupar cargos estratégicos em Brasília.
Movimentações paralelas e implicações
A nomeação ocorre em meio a tensões entre o PP e o governo Lula. Horas antes do anúncio, o partido oficializou uma federação com o União Brasil, em evento que serviu de palanque para o governador Ronaldo Caiado (GO), pré-candidato à presidência. O presidente da federação, Antonio Rueda, afirmou que os parlamentares dos dois partidos “devem renunciar a qualquer função no governo federal”, o que não afeta diretamente a presidência da Caixa, já que Carlos Vieira não possui mandato.
No mesmo dia, a Caixa também anunciou Lucio Camilo Oliva Pereira como vice-presidente de Tecnologia e Digital. Nos bastidores, a indicação foi atribuída ao deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), que negou qualquer apadrinhamento. (Foto: reprodução Agência Brasil | Marcelo Camargo)