Ministério da Saúde lança rede inédita de cuidados para TEA com foco em diagnóstico precoce
O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (18/09) uma nova linha de cuidados para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com foco em diagnóstico precoce e assistência integrada. A Paraíba receberá R$ 2,2 milhões anuais para ampliar o atendimento em Campina Grande, com a habilitação de um novo Centro Especializado em Reabilitação (CER) na APAE local.
A medida faz parte do programa Agora Tem Especialistas, lançado durante a semana do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A iniciativa prevê investimentos de R$ 72 milhões em 71 novos serviços da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD), beneficiando 18 estados e o Distrito Federal.
Entre os principais avanços:
- Habilitação de 23 novos CERs com atendimento multiprofissional
- Custeio adicional de 20% para 33 unidades já existentes
- Aquisição de 15 veículos adaptados para transporte sanitário
- Ampliação de porte em 8 centros para mais modalidades de reabilitação
Segundo o Ministério, o Brasil conta hoje com 326 CERs e repasses federais que ultrapassam R$ 975 milhões por ano.
Expansão com o Novo PAC Saúde
Além dos recursos regulares, conforme checou a redação Click100, o Novo PAC Saúde destinará R$ 207 milhões para a construção de 23 novos centros em 14 estados. O projeto arquitetônico dos CERs foi reformulado para incluir ambientes inovadores, como salas multissensoriais e jardins terapêuticos, voltados especialmente para crianças e adultos com TEA.
Nova linha de cuidado para TEA
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que o novo protocolo prevê o rastreio de sinais de autismo em todas as crianças entre 16 e 30 meses, como parte da rotina de avaliação do desenvolvimento na atenção primária.
“A atuação precoce é fundamental para garantir autonomia e interação social futura”, afirmou Padilha.
A triagem será feita com o M-Chat, questionário já disponível na Caderneta Digital da Criança e no prontuário eletrônico E-SUS. Os resultados orientarão intervenções e estímulos personalizados, conforme o Guia de Intervenção Precoce, que será colocado em consulta pública.
Atendimento individualizado e apoio às famílias
Outra inovação é o fortalecimento do Projeto Terapêutico Singular (PTS), que garante planos de tratamento construídos entre equipes multiprofissionais e famílias. O documento também orienta sobre os fluxos de encaminhamento para serviços de saúde mental, quando necessário.
O Ministério também implementará o Programa de Treinamento de Habilidades para Cuidadores, da OMS, voltado para famílias de crianças com atraso no desenvolvimento. A proposta inclui capacitação de profissionais para apoiar pais e promover interações positivas, reduzindo estigmas e fortalecendo vínculos familiares.
Implicações e perspectivas
Com estimativa de que 1,2% da população brasileira viva com TEA — sendo 71% também com outras deficiências — a nova linha de cuidado representa um avanço na integração de políticas públicas de saúde. A atuação precoce, aliada à expansão da rede de reabilitação, pode transformar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento, especialmente em regiões historicamente desassistidas. (Imagem de Capa: Freepik)