Estado lidera ranking negativo e pode receber R$ 5,7 bi em investimentos até 2026
A Paraíba, que hoje figura entre os estados com os piores índices de abastecimento de água do país, pode estar prestes a mudar esse cenário. Um projeto de Parceria Público-Privada (PPP) para serviços de água e esgoto está em estudo e tem previsão de lançamento no segundo trimestre de 2026, com investimento estimado em R$ 5,7 bilhões.
Segundo dados do Instituto Trata Brasil, oito dos dez municípios com os piores indicadores de abastecimento de água estão na Paraíba. Atualmente, o serviço é operado por uma concessionária pública, mas o avanço da iniciativa privada no setor tem ganhado força em todo o país, especialmente após a aprovação do novo marco legal do saneamento em 2020.
A expansão da atuação privada em cidades com baixa cobertura de água e esgoto contraria críticas iniciais ao marco legal, que apontavam que empresas só atuariam em áreas mais rentáveis. A Aegea, maior operadora privada do setor no Brasil, já atua em diversos municípios com indicadores críticos e é apontada como possível interessada na concessão paraibana.
Radamés Casseb, CEO da Aegea, reforça que a empresa se especializou em operar em regiões desafiadoras. “Nos preparamos para atuar em cidades pequenas, com baixa renda e infraestrutura precária”, explica.
Apesar do otimismo, especialistas alertam que os resultados para a população podem demorar a aparecer devido a complexidade das obras que, normalmente, só possibilitam resultados para o cidadão na última etapa dos serviços.
O movimento de transformação também conta com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em outubro de 2024, durante o seminário “Conexões que transformam: Saneamento e Sociedade”, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que um dos principais desafios do Banco é diversificar os instrumentos financeiros nos programas de saneamento.
Na ocasião, conforme checou a redação Click100, Mercadante apresentou a esteira de projetos de água e esgoto estruturados ou em estruturação pelo BNDES em sete estados, incluindo a Paraíba. As iniciativas somam R$ 83 bilhões em investimentos, com participação estimada de R$ 29,5 bilhões do Banco, e têm leilões previstos até 2026.
Com esse impulso, a Paraíba se encontra em um ponto de inflexão. Se o projeto avançar, o estado pode deixar de ser destaque negativo e se tornar exemplo de transformação estrutural no saneamento básico — um direito essencial que ainda não chega à porta de milhões de brasileiros. (Imagem de Capa: Freepik)