Entrevista internacional revela tensão, desconforto e disputa interna pelo poder no clã político
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro admitiu publicamente, pela primeira vez, estar disposta a disputar a presidência da República em 2026. A declaração foi feita em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, publicada nesta quarta-feira (24/09), e reacendeu tensões internas no núcleo político da família Bolsonaro.
“Eu me levantarei como uma leoa para defender nossos valores conservadores, a verdade e a justiça. Se, para cumprir a vontade de Deus, for necessário assumir uma candidatura política, estarei pronta para fazer o que Ele me pedir”, afirmou Michelle.
A fala ocorre em meio à condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por envolvimento em tentativa de golpe, e marca o retorno de Michelle ao debate público após meses de silêncio. Ela classificou o julgamento no Supremo Tribunal Federal como uma “farsa judicial” e acusou o governo Lula e o ministro Alexandre de Moraes de promoverem sanções internacionais contra seu marido.
Disputa interna no bolsonarismo
A disposição de Michelle em disputar o Planalto gerou desconforto entre aliados e familiares. Segundo apuração da Coluna do Estadão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro estaria tentando consolidar seu nome como sucessor oficial do pai, caso Jair Bolsonaro fique inelegível. A movimentação de Michelle é vista como uma ameaça direta a esse plano.
Além disso, há resistência dentro da própria família Bolsonaro à candidatura presidencial de Michelle. Parte da cúpula do partido defende o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como alternativa mais viável ao centro político. Cogita-se, inclusive, que Michelle poderia compor como vice em uma eventual chapa com Tarcísio — hipótese rejeitada por seus apoiadores mais próximos.
Senado ou Planalto?
Até o momento, Michelle é considerada uma das principais apostas do bolsonarismo para concorrer ao Senado pelo Distrito Federal. A composição da chapa já está em fase avançada de negociação. No entanto, sua entrevista internacional amplia o escopo de possibilidades e pode alterar os rumos da sucessão dentro da direita brasileira.
Repercussão internacional
A entrevista foi concedida na sexta-feira (19/09), segundo fontes da imprensa brasileira, e publicada um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiar sua “química excelente” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Assembleia Geral da ONU. Michelle, por sua vez, expressou apoio às intervenções de Trump em defesa de Jair Bolsonaro e criticou o atual governo brasileiro. (Texto redação Click100 / Imagem de Capa: reprodução redes sociais)