Nova integração com a Polícia Militar promete resposta imediata a casos de violência em transportes por app
Uma articulação inédita entre o Ministério Público da Paraíba (MPPB), o Ministério Público Federal (MPF), a Secretaria de Segurança Pública e a Uber pode transformar a segurança de mulheres que usam transporte por aplicativo. O objetivo é viabilizar a integração do app ao sistema da Polícia Militar, permitindo localização em tempo real e resposta imediata em casos de violência.
Em uma reunião realizada por videoconferência nesta quinta-feira (02/10), representantes do MPPB, MPF, Procuradoria-Geral do Estado e da Secretaria de Segurança e Defesa Social avançaram na construção de um termo de cooperação técnica com a Uber. A proposta é conectar o sistema da empresa ao Centro Integrado de Operações da Polícia Militar (Ciop), permitindo que autoridades tenham acesso instantâneo à localização de veículos, dados da viagem e identificação de motoristas e passageiros.
Segundo o procurador-geral de Justiça, Leonardo Quintans, a medida representa um avanço na proteção de mulheres em situação de vulnerabilidade. “Essa é uma medida importante para a maior proteção da mulher vítima de violência. É também uma medida importante para todos os parceiros e para a Uber agregar à sua responsabilidade social”, afirmou.
A iniciativa surgiu após a Ouvidoria do MPPB receber denúncias sobre insegurança enfrentada por mulheres em corridas por aplicativo. A promotora Dulcerita Alves, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Mulher, destacou que o projeto é uma resposta concreta. “A existência de mais um instrumento de integração entre a Uber e a Secretaria de Segurança Pública viabiliza a localização dessa mulher em tempo real, um pedido de socorro imediato que pode inclusive evitar delitos de maior gravidade”, disse.
A Uber já disponibiliza o recurso U-Help, botão de emergência que conecta o usuário ao número 190 diretamente pelo aplicativo. No entanto, segundo checou a redação Click100, a nova proposta amplia esse suporte ao permitir que a Polícia Militar receba automaticamente informações detalhadas da corrida, como placa, modelo do carro, nome do motorista e telefone.
A experiência já foi testada em outros estados e países. No Rio de Janeiro, por exemplo, a funcionalidade foi aplicada por dois meses em área piloto, resultando em 32 chamadas ao Ciop, 16 registros de ocorrência e recuperação de quatro veículos roubados.
O próximo passo será uma reunião técnica entre as equipes de Tecnologia da Informação da Secretaria de Segurança Pública e da Uber para definir os parâmetros da integração. Paralelamente, as instituições envolvidas trabalham na redação do Termo de Cooperação.
Para especialistas, a medida pode representar um marco na segurança pública digital, especialmente em um cenário onde o transporte por aplicativo é amplamente utilizado por mulheres em deslocamentos noturnos ou solitários.
A cooperação entre Uber e órgãos públicos da Paraíba sinaliza uma mudança estrutural na forma como a segurança feminina é tratada no transporte por aplicativo. Com tecnologia, articulação institucional e foco na proteção, o projeto pode se tornar referência nacional no enfrentamento à violência de gênero. (Texto: redação Click100 / Imagem: Freepik)
