Migrantes da Paraíba foram enganados por falsas promessas e viviam em condições degradantes
Treze trabalhadores, incluindo um adolescente de 15 anos, foram resgatados de condições análogas à escravidão em Santo Antônio da Alegria, São Paulo, durante uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Entre os resgatados, estavam migrantes da Paraíba, atraídos por promessas falsas de emprego digno e moradia adequada.
A ação, realizada entre 22 de agosto e 6 de setembro de 2025, teve o resultado divulgado na quinta-feira (02/10) e contou com o apoio da Polícia Militar, Polícia Federal e Ministério Público do Trabalho. A fiscalização teve início com a abordagem de um ônibus que levava os trabalhadores à Fazenda Canaã. O motorista, identificado como Pascoal, turmeiro com duas décadas de atuação, tentou obstruir a operação, recusando-se a informar o destino do grupo.
No local, segundo checou a redação Click100, os fiscais encontraram um cenário alarmante: ausência de registro em carteira, falta de equipamentos de proteção, instalações sanitárias precárias e água potável insuficiente. Os trabalhadores precisavam comprar, com recursos próprios, itens básicos como botas, luvas e lonas para a colheita do café. Os alojamentos, alugados pelo próprio turmeiro, eram descontados diretamente dos salários, agravando a situação de vulnerabilidade.
Segundo os relatos colhidos pela equipe de inspeção, muitos migrantes da Paraíba, Bahia, Maranhão e Ceará foram enganados por promessas de melhores condições de vida. Ao chegarem à fazenda, depararam-se com dívidas, moradias insalubres e ameaças de despejo em caso de atraso no pagamento do aluguel.
“O conjunto de violações, somado à dependência econômica e à ausência de direitos básicos, configura trabalho em regime análogo à escravidão”, afirmou um dos fiscais da operação.
O MTE emitiu um Termo de Resgate, obrigando o proprietário da fazenda a registrar os trabalhadores, pagar verbas rescisórias e o FGTS, custear o retorno às cidades de origem e ressarcir os gastos indevidos. No encerramento da operação, foram pagos cerca de R$ 50 mil em verbas rescisórias e R$ 13 mil em ressarcimentos. Os trabalhadores também receberam guias para o seguro-desemprego, com direito a três parcelas.
A fiscalização segue com a elaboração de autos de infração e o relatório final da operação. O caso reacende o debate sobre a exploração de migrantes nordestinos em lavouras do Sudeste e a urgência de políticas públicas que garantam trabalho digno e fiscalização efetiva.
Como denunciar
Casos de trabalho escravo podem ser denunciados anonimamente pelo Sistema Ipê, disponível no site do Ministério do Trabalho. (Texto: redação Click100 / Imagem de Capa: reprodução Ascom MTE)