Dados revelam desigualdade de gênero e desafios estruturais no mercado de trabalho paraibano
A Paraíba ainda enfrenta desafios estruturais no mercado de trabalho, especialmente no que diz respeito à participação feminina e ao nível geral de ocupação. Os dados constam no relatório da II Conferência Nacional do Trabalho – Diagnóstico da Situação do Trabalho Decente nas Unidades da Federação: Estado da Paraíba, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Governo Federal.
Segundo o documento, liberado nesta sexta-feira (24/10), no segundo trimestre de 2025, a taxa de participação no mercado de trabalho da Paraíba era de 54,1%, abaixo da média nacional de 62,4%. Embora tenha havido um leve crescimento em relação a 2019 — quando a taxa era de 53,6% — o avanço é tímido e ainda reflete os impactos da pandemia da Covid-19.
O nível de ocupação no estado, segundo checou a redação Click100, também está abaixo da média nacional: 50,3% dos paraibanos em idade ativa estavam ocupados, contra 58,8% no Brasil. A desigualdade de gênero é um dos fatores mais marcantes. Enquanto 64,6% dos homens participam do mercado de trabalho, apenas 44,4% das mulheres estão inseridas — uma diferença de mais de 20 pontos percentuais. No cenário nacional, esses índices são de 72,3% para homens e 53,1% para mulheres.
Essa disparidade é atribuída a fatores socioculturais, como a persistente divisão sexual do trabalho, que sobrecarrega as mulheres com funções de cuidado e tarefas domésticas não remuneradas, limitando sua inserção no mercado formal.
Além disso, a Paraíba apresenta um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 77,5 bilhões (dados de 2021), o que representa apenas 0,86% do PIB nacional — uma participação praticamente estável desde 2011, quando era de 0,85%. A população do estado, estimada em 4,1 milhões de pessoas, é composta majoritariamente por mulheres (51,5%) e por pessoas negras (66,8%). Há ainda 25,5 mil indígenas e 16,6 mil quilombolas, segundo o Censo de 2022.
O conceito de trabalho decente, adotado pela OIT, envolve não apenas a geração de empregos, mas também a promoção de condições dignas, igualdade de oportunidades, segurança no ambiente laboral e respeito aos direitos fundamentais. O diagnóstico nacional, construído com base em 11 dimensões e por meio de consulta tripartite, busca orientar políticas públicas que enfrentem essas desigualdades. (Texto: redação click100 / Imagem de capa: reprodução Agência Gov)
