Paraibano morto em operação no RJ não tinha ficha criminal nem ligação com facções, diz Defensoria

Ronaldo Julião, de Campina Grande, está entre os sete mortos sem antecedentes na Operação Contenção

A megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (28/10), resultou na morte de 117 pessoas, segundo balanço oficial divulgado pela Defensoria Pública do Estado. Entre os mortos, dois são naturais da Paraíba — e um deles, Ronaldo Julião da Silva, de 46 anos, não possuía qualquer anotação criminal ou indício de envolvimento com atividades ilícitas.

Natural de Campina Grande, Ronaldo Julião está entre os sete mortos identificados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro que não tinham antecedentes criminais. A informação consta na lista oficial divulgada pelo governo carioca no domingo (02/11), após a liberação dos corpos pelo Instituto Médico Legal (IML).

O outro paraibano morto na operação, Jorge Benedito Correa Barbosa, conhecido como “Pará”, de 54 anos, tinha registro por roubo.

Questionamentos jurídicos e repercussão internacional

A operação, batizada de “Contenção”, foi direcionada contra a facção Comando Vermelho e também deixou quatro policiais mortos. Ao todo, 113 pessoas foram presas. No entanto, o número elevado de vítimas fatais — especialmente entre pessoas sem antecedentes — gerou forte reação de entidades de direitos humanos. A princípio foi divulgado um total de 64 mortos, porém, o número chegou a 117 mortes provocadas pela megaoperação no RJ.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou estar “horrorizado” com o resultado da ação. Movimentos sociais brasileiros classificaram o episódio como “chacina” e questionam a eficácia da operação como política pública de segurança.

Implicações legais e investigação

A presença de vítimas sem ficha criminal levanta dúvidas sobre os critérios de abordagem e o uso da força letal por parte das forças de segurança. Especialistas em direito penal e constitucional apontam que, em casos como este, é necessário apurar se houve violação de garantias fundamentais, como o direito à vida e à presunção de inocência. A lista com os nomes de todos os mortos, com imagens, divulgada pela Defensoria foi publicada pelo portal O Dia.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro acompanha o caso e pode solicitar investigações independentes sobre as circunstâncias das mortes, especialmente das vítimas sem antecedentes. Ainda existe a possibilidade da família do paraibano acionar a Justiça para ser indenizada pelo Estado do Rio de Janeiro pela morte de Ronaldo Julião..(Texto: redação Click100 / Imagem de capa: reprodução O Dia)

Veja imagens divulgadas pela Defensoria: