Pesquisa inédita revela perfil de jovens no crime e mostra urgência por oportunidades na Paraíba

A pesquisa Raio-X da Vida Real, realizada pelo instituto Data Favela, revelou dados preocupantes sobre os fatores que levam jovens da Paraíba à criminalidade. Segundo o levantamento, 46% dos entrevistados no estado afirmam que a falta de dinheiro foi o principal motivo para entrar no crime. Em nível nacional, esse índice é ainda maior: 49%.

Além disso, quando questionados sobre o que os motivaria a abandonar a criminalidade, apenas 6% dos entrevistados na Paraíba disseram que a oferta de emprego com carteira assinada seria o principal atrativo para sair do crime. Esse número é significativamente inferior à média nacional de 20%, e muito abaixo de estados como:

  • Rio de Janeiro: 30%
  • São Paulo: 14%
  • Rio Grande do Sul: 49%

Esses dados revelam uma realidade dura: enquanto a falta de recursos empurra jovens para o crime, a ausência de perspectivas formais de trabalho dificulta a saída.

Perfil sociodemográfico dos entrevistados

A pesquisa entrevistou 3.954 pessoas em situação de crime ativo, em favelas de 23 estados brasileiros, com aplicação presencial de questionários entre 15 de agosto e 20 de setembro de 2025. A margem de erro é de 1,56 ponto percentual, com intervalo de confiança de 95%.

Entre os entrevistados:

  • 50% têm entre 13 e 26 anos
  • 74% são negros
  • 80% nasceram e cresceram em favelas
  • 42% não completaram o ensino fundamental
  • 63% vivem com até dois salários mínimos
  • 52% têm filhos
  • 50% têm companheiro(a)

Família como eixo estruturante

A pesquisa desmonta o estigma da “família desestruturada” como causa direta da criminalidade. 73% dos entrevistados foram criados por pai e mãe, só pela mãe ou só pelo pai, número compatível com os dados do IBGE para a sociedade brasileira. A figura feminina é predominante: 43% apontam a mãe como a pessoa mais importante, seguida por filhos e avós.

Implicações para políticas públicas

Os dados da Paraíba reforçam a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para geração de renda, inclusão produtiva e acesso ao trabalho formal. “A pesquisa é motor para desenhar políticas públicas com as pessoas e não para as pessoas”, afirma Cleo Santana, presidente do Data Favela.

A pesquisa será lançada em quatro módulos temáticos:

  • Família, Educação e Saúde
  • Caminhos do Crime
  • Vivências e Cultura
  • Gênero, Raça e Juventude

Cada bloco aprofunda aspectos estruturais da criminalidade nas favelas, com foco em soluções que partem da escuta ativa dos próprios envolvidos. (Texto: redação Click100 / Imagem de capa: Freepik)

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