Ilza Nogueira assume presidência da ABM após oito décadas de liderança masculina

A compositora, pesquisadora e professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ilza Nogueira, foi eleita presidente da Academia Brasileira de Música (ABM), tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo em 80 anos de existência da instituição fundada por Heitor Villa-Lobos.

Natural de Salvador, Ilza Nogueira construiu uma carreira marcada pela produção intelectual e pela valorização da música contemporânea brasileira. Sua eleição representa uma virada histórica na ABM, que desde 1945 nunca havia sido presidida por uma mulher.

A posse está prevista para março de 2026, e sua gestão deve priorizar o diálogo entre tradição e inovação, com foco na inclusão de novas linguagens musicais e na ampliação do acesso à produção acadêmica e artística da instituição.

Fundada por Villa-Lobos, a ABM é responsável por preservar e promover o patrimônio musical brasileiro, reunindo compositores, intérpretes e pesquisadores de destaque nacional.

Repercussão

A eleição de Ilza Nogueira é vista como um marco para a representatividade feminina nas instituições culturais brasileiras. Sua trajetória acadêmica na UFPB e sua atuação como compositora reforçam o papel das universidades públicas na formação de lideranças artísticas e intelectuais.

Além disso, a escolha sinaliza uma abertura da ABM para novas perspectivas e práticas musicais, alinhadas às transformações sociais e culturais do país.

Histórico

Ilza, conforne conta matéria especial publicada pela UFPB, construiu uma formação acadêmica que teve início com a graduação em Música (piano) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e, ainda jovem, especializou-se em composição em Colônia, na Alemanha. Em seguida, ingressou na Universidade Estadual de Nova York, em Buffalo, onde concluiu mestrado e doutorado orientada por dois nomes centrais da música contemporânea: Lejaren Hiller (pioneiro no uso de computadores na composição musical) e Morton Feldman.

Sua formação se completaria com um pós-doutorado em Teoria da Música na Universidade de Yale, que consolidou sua atuação como musicóloga analista e pesquisadora, trabalho que a levaria a se destacar nacionalmente pelos estudos sobre o repertório brasileiro contemporâneo, especialmente as obras do Grupo de Compositores da Bahia.

Dona da cadeira número 27 da ABM desde 2003, Ilza participou da fundação do curso de Música da UFPB, integrou o comitê assessor para a área de artes do CNPq, fundou e presidiu a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM) e a Associação Brasileira de Teoria e Análise Musical (TeMA), além de ter obras apresentadas no Brasil e no exterior, com ênfase na música de câmara. Agora, prepara-se para assumir a principal instituição dedicada à música erudita brasileira.

(Texto: redação Click100 / Imagem de capa: reprodução Ascom UFPB)

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