Investigado pela PF, Wanderlan Limeira liderava quadrilha familiar que transformou concursos em negócio milionário
A morte do ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa, ocorrida na terça-feira (16/12) em um hospital de Patos (PB), trouxe de volta ao debate nacional o escândalo das fraudes milionárias em concursos públicos, envolvendo uma quadrilha familiar investigada pela Polícia Federal (PF).
Segundo a PF, Wanderlan liderava uma organização criminosa que transformava aprovações em certames federais, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU), em um negócio lucrativo. O esquema funcionaria como uma empresa de fachada, com divisão de tarefas entre irmãos, filho e sobrinha.
Núcleo familiar
Segundo investigações da PF, o núcleo duro seria formado por Wanderlan, os irmãos Valmir Limeira de Souza e Antônio Limeira das Neves, o filho Wanderson Gabriel de Brito Limeira e a sobrinha Larissa de Oliveira Neves. Cada um desempenharia funções específicas, desde o recrutamento de candidatos até o repasse de gabaritos e a lavagem de dinheiro.
Larissa chamou atenção da Polícia ao realizar a prova do CNU em Patos, apesar de residir em São Paulo, escolha considerada suspeita pelos investigadores. Já Antônio, agente penitenciário em São Paulo, foi identificado como inscrito no concurso da Polícia Federal de 2025, indicando a intenção do grupo de infiltrar membros em órgãos estratégicos.
Coincidências impossíveis
Um dos pontos mais contundentes da investigação foi a coincidência absoluta entre acertos e erros nos gabaritos de Wanderlan, Valmir e Larissa em provas distintas. Especialistas consultados pela PF afirmaram que o padrão era estatisticamente impossível de ocorrer por acaso.
Além do CNU, há indícios de fraudes em concursos da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Universidade Federal da Paraíba e Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas.
Lavagem de dinheiro e prejuízo ao Estado
A PF também identificou que uma clínica odontológica em Patos, pertencente ao policial militar Ariosvaldo Lucena de Sousa Junior, teria sido usada como fachada para lavar recursos obtidos com a venda de aprovações fraudulentas.
De acordo com os investigadores, cada vaga fraudada pode gerar prejuízo de milhões de reais ao longo de décadas de serviço público, além de colocar pessoas sem qualificação técnica em cargos estratégicos da administração pública.
Mesmo após a prisão do filho Wanderson em 2024, durante investigação sobre fraude no concurso da Polícia Militar da Paraíba, Wanderlan teria continuado atuando. Interceptações telefônicas revelaram tentativas de dificultar as apurações e de atribuir responsabilidades a terceiros. (Texto: redação Click100 / Imagem de capa: reprodução arquivo Ascom PF)
