Só encara cobrança por hora e pronessa de punição rigorosa quem realmente precisa ir ao local

A Prefeitura de João Pessoa oficializou o retorno da Zona Azul no Centro Histórico da capital paraibana. A medida, que entra em vigor neste mês de agosto de 2025, marca uma nova fase no ordenamento urbano da cidade e atende a uma demanda antiga dos comerciantes da região que, segundo informações que chegaram até a imprensa local, reclamavam muito de motoristas que estacionavam seus respectivos veículos até por dois expedientes inteiros nas portas das lojas deles e, consequentemente, dificultavam a chegada de clientes que, por indisponibilidade de vagas iriam procurar outras lojas em outros endereços para fazer as suas ditas compras.

Pois bem…

Particularmente, pensando aqui com meus botões, tenho cá as minhas dúvidas se o retorno da Zona Azul é, realmente, uma boa. Principalmente, em se tratando da aplicação dela na região do Centro Histórico de João Pessoa, uma localidade que precisa, desesperadamente, de atrativos para que o público volte a frequentar aquelas ruas e faça renascer o local que tem uma importância indiscutível e uma beleza singular que merece ser apreciada por nativos e turistas.

Pois bem…

Vou me ater à região do Centro Histórico -que urge de incentivos para renascer!- e dizer que considero o tempo de permanência de duas horas na Zona Azul uma furada. Principalmente, em tempos da consolidação do E-commerce que oferece venda de todos os tipos de produtos -inclusive dos que a gente procura nas ditas lojas e, por ventura, não encontra!- com entrega no conforto do seu lar e, na maioria das vezes, até sem taxa de entrega.

Para piorar a situação, além das regras e promessas de punições, o Art. 16. que está na página 2 do Decreto nº 11.063, de 06 de agosto de 2025, que regulamenta o sistema de estacionamento rotativo pago no Município de João Pessoa (PB) e dá outras providências, deixa claro -e muito claro!- que “O Município e/ou a concessionária não serão responsáveis por furtos, roubos, danos ou prejuízos aos veículos ou seus ocupantes nas áreas do Estacionamento Rotativo“. Ou seja… a realidade é: você vai estacionar, resolver suas coisas naquela região do Centro Histórico sem tirar o olho do relógio por ter que cronometrar 2 horas no Comercial por causa do tempo da Zona Azul, uma vez que o mesmo Decreto, traz no Inciso 3º do Art. 3º. que “No Setor Comercial, o tempo máximo de permanência em uma mesma vaga será de 2 (duas) horas“.

Leia mais e confira  a íntegra do Decreto clicando aqui.

E antes que alguém diga que a garantia de segurança cabe ao policiamento local, digo que, há cerca de um mês, estive na Rua Maciel Pinheiro, junto com o meu mecânico, procurando uma peça para um carro que, diga-se de passagem, não encontramos em nenhuma loja da região, e não vimos nenhum policiamento durante o tempo que estivemos lá.

Antes de escrever este artigo, conversei com pessoas queridas, amigas e, também, com figuras não tão amigas e nem tão queridas, perguntando sobre o que achavam do retorno da Zona Azul e de todas as regras postas e, nenhuma… repito, nenhuma das figuras ficou feliz com a iniciativa e, todas delas reclamaram sobre a escassez de policiamento full time nas ruas do Centro Histórico.

No papel, meus amigos… o Decreto é lindo. Como também é linda a Constituição Brasileira que garnte para todos os cidadãos direito à vida e direitos sociais como saúde, educação, trabalho e moradia, por exemplo, quando a gente sabe que aqui, na vida real, ainda tem gente morrendo à mingua sem atendimento médico, um monte de criança fora da escola por falta de vaga, um número significativo de gente desempregada e que mora na rua porque não tem emprego e, consequentemente, não tem dinheiro suficiente e, muito menos, regular, para pagar aluguel.

Acho que diante da obrigatoriedade de pagamento, da perturbação por ter que ficar de olho no tempo para resolver suas coisas correndo e promessas de punições caso haja algum descumprimento de regras da Zona Azul seria, no mímino, elegante, cordial e bonito, não inserir aquele Inciso se isentando de responsabilidades por roubo ou algum dano no veículo.

É por essas e outras que ouso perguntar: será que o retorno da Zona Azul é mesmo uma boa para a região do Centro Histórico? Principalmente, em tempos de E-commerce?

Sei não… masssss… pergunto porque… perguntar não ofende. Porém, se ofendi, desculpa… porque esta é minha dúvida real e de alguns meus.

Adriana Costa

14/08/2025

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