Bela Gil e Karnal repudiam fala de padre da Paraíba que ironizou orixás e morte de Preta Gil

Religiosos e entidades também repudiaram discurso intolerante feito em missa no interior da Paraíba

“É cada absurdo que a gente precisa ouvir… seu padre desrespeitoso.”
Com essa frase direta e indignada, Bela Gil, irmã da cantora Preta Gil, reagiu à fala do padre Danilo César, que durante uma missa em Areial, no Agreste da Paraíba, ironizou a fé de Gilberto Gil e os orixás, após a morte da artista.

O historiador Leandro Karnal também se manifestou com contundência:
“O sacerdote Danilo César fez sermão sobre a morte de Preta Gil. Argumentou que os orixás não devem possuir força pois… não ressuscitaram a artista.”

Karnal foi além, questionando a lógica do religioso:
“Quantos católicos ressuscitaram? Quantos papas, que recebem orações, saíram saltitando pela praça de São Pedro?”

E concluiu com uma crítica moral incisiva:
“Jesus mandou amar mesmo quem fosse diferente. De acordo com Mateus 25, o padre em questão é um sério candidato à condenação eterna por ser um homem cruel e preconceituoso.”

O caso que gerou revolta

Durante a homilia transmitida ao vivo pelo canal da Paróquia no YouTube, o padre Danilo César usou a morte de Preta Gil, ocorrida em 20 de julho nos Estados Unidos, para atacar religiões de matriz africana.

“Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, disse ele, em tom de deboche.

Além disso, o sacerdote associou práticas afro-brasileiras à ação do “diabo” e sugeriu que fiéis dessas crenças seriam “levados” por forças malignas.

A repercussão foi imediata. O vídeo foi removido pela paróquia, mas já circulava amplamente nas redes sociais.

Leia mais: Padre do interior da Paraíba usa morte de Preta Gil para atacar religiões afro

Denúncia e silêncio institucional

A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria de Souza registrou boletim de ocorrência por intolerância religiosa e anunciou que levará o caso ao Ministério Público da Paraíba.

O Fórum de Diversidade da Paraíba também se pronunciou, condenando o uso do altar como palco para “ódio e preconceito”.

Apesar dos pedidos de esclarecimento feitos pelo Jornal da Paraíba à Paróquia e à Diocese de Campina Grande, não houve resposta até o fechamento desta matéria.

O episódio reacende o debate sobre os limites da liberdade religiosa e o uso indevido do púlpito para disseminar preconceito. A fala do padre, além de desrespeitosa, revela uma postura incompatível com os princípios de acolhimento e respeito ao próximo que deveriam nortear qualquer prática espiritual.

(Fonte: redação Click100 com Metrópoles, Isto É / Fotomotangem redação Click100)