Adriana Costa Colunistas

“Das grandes economias, o Brasil foi a mais mal gerida do mundo no ano passado”, diz economista-chefe do Banco Mundial

O economista indiano Indermit Gill disse com todas as letras, durante uma entrevista no início do mês de março de 2025, que “das grandes economias, o Brasil foi a mais mal gerida do mundo no ano passado”. Chamo atenção para o fato de Gill não ser um mero curioso sobre o assunto, mas, sim, “o” economista-chefe do Banco Mundial. Segundo a análise de Gill, o Brasil está gastando mais do que tem, se endividando ainda mais e vivendo a realidade de ter um PIB (Produto Interno Bruto) que avançou 3%, mas, ainda assim, possuir um déficit que já supera os 7%. Coisa nada boa. Esses números, segundo o especialista, derrubam o valor do real fazendo com que, em dólares, o PIB per capita do país fique menor. Por mais que a paixão de alguns por políticos e ideologias resista à uma percepção clara da realidade, o fato é que a economia brasileira, como um todo, está cada dia mais longe de onde deveria estar em comparação aos países de renda alta. Dito isto, queridos (as), está na hora de perceber que não basta a manutenção de uma “paixão” ou defesa cega por esse ou aquele político. Não basta dançar ciranda numa praça ou rezar para um pneu. É preciso muito mais. É preciso abrir os olhos para o macro e perceber o que vem sendo feito com a economia do país. E nem adianta “lulista” me chamar de “bolsonarista” e “bolsonarista” me chamar de “lulista” porque, assim como você, eu sou parte da população que fica, literalmente, no meio de devoções injustificáveis, sofrendo as consequências de “briguinhas” que passam à milhas e milhas de distância da razoabilidade. Portanto, caro (o) leitor (a), em vez de apenas ouvir o que o político está dizendo – através de um discurso pensado, ensaiado e estratégico! – está mais que na hora de aprender a ouvir especialistas respeitados, acompanhar números da transparência pública, ver os efeitos da economia no próprio bolso e deixar de viver de ideologia, sorrisos e abraços, pois – pasmem! – são três termos que não põem comida na mesa. Essa realidade da economia brasileira é cruel, principalmente, para quem é da classe média, setor cada vez mais com menor capilaridade porque carrega nas costas, há décadas, a responsabilidade de “minimizar” os desequilíbrios econômicos que afetam o país.  Sim, porque, dos ricos ninguém tira, dos pobres não há quase mais nada para tirar… realidades que “naturalmente” jogam a cota de maior sacrifício para quem? Isso mesmo… para a classe média que é “empurrada”, cada vez mais, para muito perto daquele precipício que a faz olhar, de frente, para uma condição financeira menos favorável. A solução para isso é votar certo. Iniciativa que, ao contrário do que muitos dizem, não é difícil. Só é trabalhosa… porque para “conhecer” um pouco mais os políticos que “nos representam” a gente tem que acompanhar a vida parlamentar de cada um. Ler proposituras. Conferir frequência. Ouvir/ler discurso feito por cada. Enfim, dá trabalho, como disse. Mas é um conjunto de ações necessárias. Muito necessárias. Vitalmente necessárias. Enfim, acho que deu para começar a compreender de vez que, ou a gente começa a se envolver do jeito que pode para ajudar ao nosso país, que é a nossa casa… ou a situação pode ficar cada vez mais complicada… na nossa cara. Quer a fonte da entrevista do indiano? Então, pega aí, clicando aqui.

Adriana Costa Colunistas

Se vivo fosse, Ronaldo Cunha Lima completaria 89 anos nesta terça-feira

Hoje é dia 18 de março. Acordo com a informação de que se vivo fosse, Ronaldo Cunha Lima completaria 89 anos. E ao ler o texto que Cássio, o filho, escreveu para o pai, me fez pensar um bocado. Tanto que nem consigo explanar o quanto. Me fez pensar porque, primeiro, sou muito família. Para mim esse é um laço inquebrantável. Inegociável. E, pelo amor de Deus… estou falando de família… a família raiz… não de parente. Segundo, porque o mundo pode falar quaisquer coisas… mas não consegue duvidar do amor de Cássio por Ronaldo. Sentimento que, tenho certeza, alimentou muito da poesia “ronaldiana” e ainda é força motriz para Cássio. Nesse texto especificamente não faço, em momento algum, referência ao pai e filho políticos e, sim, apenas e tão somente, ao filho e ao pai, nessa ordem, que permite um amor vísivel e recíproco daqueles que tanto deve inspirar. “Quem tem boca fala o que quer“, já diz um antigo ditado popular mas, quem tem um mínimo de bondade, não tem coragem de duvidar do laço amoroso que uniu e nunca mais separa um Cássio de um Ronaldo… um Ronaldo de um Cássio… um filho de um pai. Logo abaixo segue um texto escrito por Cássio pela data de hoje. “Hoje, meu pai completaria 89 anos. A saudade continua serena, a gratidão e o orgulho que sinto por ser filho de Ronaldo Cunha Lima são intensos. Não tive apenas um pai amoroso e zeloso; tive, ao longo da vida, um amigo, conselheiro e orientador. Como aprendi – e ainda aprendo – com ele! Nele me inspiro e balizo meus gestos e atitudes. Poeta de alma pura e coração generoso, segue nos ensinando através de sua obra, que é eterna. Foi um advogado brilhante e um político que dedicou sua vida ao povo e à justiça. Seu legado permanece vivo em cada palavra que nos deixou, em cada gesto que nos dedicou e na memória daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo de perto. Que sua poesia continue inspirando as novas e futuras gerações, e que sua história jamais seja esquecida. Parabéns, meu pai! Sua luz nunca se apagará, Poeta! Cássio Cunha Lima” Confira vídeo: Confira imagens:

Adriana Costa Colunistas

PL de Daniella poderia evitar constrangimento como o vivido por Ingrid Guimarães durante viagem

A situação extremamente desagradável vivida pela atriz Ingrid Guimarães em um voo da American Airlines, de Nova YorK para o Rio de Janeiro, passa por várias camadas ao meu olhar e não apenas no fato de ter sido escolhida para um “downgrade”, procedimento temido por todo mundo que costuma viajar de avião e vai entre as famosas primeira classe e econômica e que consiste na troca -não apenas de assento!-, mas de categoria inferior ao da passagem que você comprou. Sim, o procedimento existe, não é novidade nenhuma e funciona meio que como um rolo compressor onde quem paga mais caro sempre vai ter todas as vantagens sobre quem paga mais barato por uma viagem de avião. Sempre. Bom, falei lá em cima que o caso da Ingrid passa por várias camadas aos meus olhos. Vou explicar os motivos. Vamos lá, então. Primeiro, enxergo a violência com a qual ela foi tratada no voo. Bixoooo… eu morreria ao ver todos os passageiros serem induzidos a se voltarem contra mim. Segundo, enxergo a tristeza e o incômodo nauseante provocados em uma pessoa que recebe um ultimato violento de que teria que ser rebaixada “por bem ou por mal“, jogo de palavras este que me “fere” e incomoda muito porque deixa clara a forma desrespeitosa como a Ingrid foi tratada pela empresa e, pior, na frente de todo mundo. O fato pesa muito quando chega nas agressões verbais e na forma de persuasão insistente que os funcionários da American Airlines dispensaram à nossa querida. No título desse artigo sugiro que o Projeto de Lei nº 719/2025, proposto pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), poderia ter evitado o constrangimento da Ingrid. E sim, acho que teria, sim. O PL que tramita no Senado Federal, promete colaborar com mais segurança às mulheres que viajam sozinhas. Aí algum bonito (a) que está lendo pode dizer: “Ahh… mas, a Ingrid estava com a irmã e o cunhado”. E eu vou dizer: “Mas, ela estava numa situação em que não conseguiu viajar em trio nas poltronas com os familiares. Ou seja, estava numa condição de viajante solo como observa a proposta do Projeto que, em sendo aprovado, vai valer para viagens interestaduais e internacionais”. Na época de em vivemos toda ajuda para combate à violência contra a mulher é válida até porque, em casos como este, vemos que a aplicabilidade da Lei, quando aprovada, poderia ter ajudado a Ingrid como suporte para que ela não mudasse de poltrona porque ela teria, por força legal e sob pretexto de segurança, escolhido aquele dito assento. Esse Projeto me veio à cabeça porque a alegação de Ingrid estava na condição de “mulher viajando sozinha” teria sido utilizada como justificativa pela abordagem a ela dedicada. Nesse episódio, para mim, a “cereja do bolo trash” que a American Airlines ofereceu a Ingrid foi saber que o único funcionário brasileiro optou por ser grosseiro, num português que ela entenderia muito bem, e dito: “Querida, melhor você sair, [porque vai ter que sair] por bem ou por mal”. Por esse diálogo vê-se que se trata de uma empresa “desumana” de uma ponta a outra. E olha… digo mais… não é tão raro alguém que já viajou pela American Airlines ter uma história ruim para contar. Pasme… eu também tenho. A Ingrid, pelo menos, vai poder ver o constrangimento minimizado, como disse o funcionário brasileiro “por bem ou por mal“. Pelo jeito foi por “mal”, ou seja, pela pressão internacional dos consumidores do Brasil que são, inegavelmente, os mais barulhentos na internet que esse planeta inteiro já viu. E esse fato, desculpem, me faz sentir muito bem.

Colunistas Henrique Maroja

O campinho dos Expedicionários 

Se alguém me pedisse para resumir a minha infância em uma palavra, eu diria: “mistura”. Porque não há nada que represente mais aqueles anos dourados da década de 80 e 90, no Bairro dos Expedicionários, em João Pessoa, do que a fusão de vidas, histórias e perspectivas que se encontravam ali, no campinho de areia, onde o futebol não era apenas um jogo, mas a arte de viver. Era um campo sem cercado, sem banco de reserva e sem glamour. Era, essencialmente, a quintessência da rua, do improviso. O cheiro da terra misturado ao suor, o som das peladas ecoando por todo o bairro, a bola suja rolando como se o próprio destino jogasse entre nós, crianças e jovens. O futebol, porém, não era só futebol ali, era o palco onde as distâncias sociais se diluíam. Quem ia ao campinho encontrava uma verdadeira Torre de Babel de vidas. Havia os meninos de 8, 9, 10 anos, ainda com os cabelos curtos e rostos inocentes, e havia também os garotos mais velhos, de 16 a 19 anos, com a idade de quem já experimentava os primeiros rastros da juventude: os sonhos, as brigas, as paixões e, às vezes, os pesadelos. Alguns com tênis surrados e outros com os melhores modelos que a vida lhes podia dar, mas a grande maioria descalço — filhos de delegados, professores universitários, advogados, empresários; enquanto ao lado, os filhos de operários, vendedores, os meninos de pais mais humildes, sem tanto luxo, mas com uma força de vontade inabalável. E ali, naquele pequeno pedaço de terra batida, ninguém se importava com o sobrenome ou o endereço. A bola era a única coisa que falava mais alto. Em um momento, você estava driblando o “filhinho de papai”, e no outro, se defendendo de um chute forte de um “moleque da rua”. Não importava a origem ou o status, a paixão pelo futebol era a mesma. O campinho era uma escola viva de empatia e resiliência. E era nele também que as diferenças sociais se tornavam quase invisíveis. Mesmo com a separação que o mundo real tentava criar entre as classes, ali, no meio da poeira e das risadas, tudo se diluía. Claro, tudo ali também tinha sua dose de dureza. A infância não era exatamente “protegida” como as de hoje. Lembro que os amigos de infância não eram raros a atravessar a linha tênue entre o legal e o ilegal. O campinho não era só palco de futebol, mas também de cenas que os meninos de 10 anos não deveriam ver: amigos assassinados, outros que sumiam sem explicação, uns levados pela polícia, outros pela droga, e muitos que nunca mais apareceriam, já no final da adolescência, perdidos para as sombras do crime. Era a vida sendo forjada entre quedas e novas chances. E nós, com nossas energias e sonhos inocentes, nos acostumávamos com essa realidade bruta, quase sem saber o quanto nos preparava para um futuro imune ao medo, ou ao menos mais forte do que as gerações posteriores poderiam imaginar. Entre os momentos de futebol, de arriscar um gol, de ganhar e perder, havia também a busca por algo mais simples: a água da torneira enferrujada dentro da casa abandonada em frente ao campinho, ou as frutas das árvores que nos faziam sentir como pequenos ladrões em busca de doçura. Carambolas, mangas, pitombas, goiabas, jambo, saputi e araçá, frutas que nos alimentavam não apenas o corpo, mas a alma. Quem passasse por ali jamais poderia imaginar que, por trás daquelas risadas, existiam muitas lições de sobrevivência. E a morte, tão presente naquele tempo, nos ensinava a encarar a vida de outra forma. Não éramos preparados para nada, mas aprendíamos a sobreviver de uma maneira que os tempos modernos, com suas redes sociais e medos inventados, talvez não permitam mais. Hoje em dia, o que vejo é uma sociedade que tenta proteger demais seus filhos, mas que ao mesmo tempo, perdeu o sentido de que a vida, por mais dura que seja, também é feita de tropeços, de amizades improváveis e de momentos simples que valem mais do que qualquer escudo. E, sim, aquele campinho de areia foi um grande laboratório da vida, onde nos misturamos sem medo, sem distinções, onde vimos de tudo um pouco, e até o mais distante dos mundos se encontrava. Não havia a rigidez de hoje, onde a vida parece muito mais controlada, monitorada e pré-determinada. Naquele pedaço de terra batida, éramos todos iguais. Éramos só crianças e jovens em busca de uma felicidade, muitas vezes fugaz, mas intensamente verdadeira. A mistura de gerações, de classes, de esperanças e de frustrações, fez de nós o que somos hoje: gente que, na falta de um escudo protetor, encontrou na resiliência, na união e na paixão pelo jogo o maior de todos os aprendizados. E assim, enquanto a bola rolava e as tardes se esticavam para a noite, nos tornávamos mais do que jogadores. Tornávamo-nos, sem saber, parte de um grande time chamado “vida”. (Image by Sasin Tipchai from Pixabay)

Colunistas Ygor Lorena

A Influência da Tecnologia no Direito Penal: Desafios e Oportunidades

A revolução digital impacta todas as áreas do conhecimento, e o Direito Penal não é exceção. Com o avanço de ferramentas tecnológicas como inteligência artificial, big data e reconhecimento facial, a maneira como crimes são investigados, processados e julgados está passando por transformações significativas. No entanto, junto com as oportunidades, surgem desafios jurídicos e éticos que exigem reflexão. O Uso da Inteligência Artificial na Investigação CriminalA inteligência artificial (IA) tem sido utilizada para análise preditiva de crimes, identificação de padrões e até mesmo para determinar o grau de periculosidade de um suspeito. Nos Estados Unidos, por exemplo, softwares como o COMPAS avaliam a probabilidade de reincidência criminal, auxiliando decisões judiciais. No Brasil, a Polícia Federal já experimenta soluções tecnológicas para cruzamento de dados e reconhecimento de suspeitos. Apesar dos avanços, o uso de IA no Direito Penal levanta preocupações, especialmente quanto à imparcialidade dos algoritmos e à possibilidade de erros que podem comprometer a presunção de inocência. Big Data e o Perfilamento CriminalA análise de grandes volumes de dados tem ajudado órgãos de segurança a mapear atividades criminosas, prever padrões e otimizar a alocação de recursos. No entanto, a prática do “perfilamento criminal” levanta questões éticas: até que ponto as informações coletadas garantem um julgamento justo? O risco de violação de privacidade e de utilização inadequada de dados sensíveis coloca em xeque a aplicação dessa tecnologia no Direito Penal. No Brasil, o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) já estabelecem diretrizes sobre a coleta e uso de dados, mas a regulação específica para o uso dessas tecnologias na esfera penal ainda é um campo em construção. Reconhecimento Facial e Controvérsias JurídicasA tecnologia de reconhecimento facial tem sido amplamente adotada para identificar suspeitos em locais públicos e auxiliar investigações. Em São Paulo, câmeras de vigilância com essa funcionalidade já operam em parceria com a segurança pública. No entanto, erros no reconhecimento facial podem levar a prisões indevidas, como já ocorreu em diversos casos pelo mundo. O desafio jurídico é equilibrar a eficiência tecnológica com o respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos. A confiabilidade dos sistemas de reconhecimento facial precisa ser aprimorada para evitar falhas que possam prejudicar inocentes. Uso do Reconhecimento Facial no Carnaval para Captura de ForagidosCom a chegada do Carnaval, grandes eventos e aglomerações se tornam oportunidades para a aplicação do reconhecimento facial na segurança pública. Em estados como Rio de Janeiro e Bahia, as autoridades já utilizam essa tecnologia para identificar e capturar foragidos da justiça em meio às festividades. Durante o Carnaval de anos anteriores, essa ferramenta foi responsável pela prisão de criminosos procurados e pela identificação de indivíduos com mandados em aberto. No entanto, a aplicação massiva do reconhecimento facial levanta questões sobre privacidade e possíveis erros na identificação, que podem resultar em constrangimentos e injustiças. A discussão sobre a necessidade de uma regulamentação mais clara e de mecanismos que garantam a precisão das identificações segue em pauta. O Carnaval, como um evento de grande porte, serve como um verdadeiro teste para a eficácia e os desafios dessa tecnologia no combate ao crime. Casos Recentes e a Discussão GlobalEm países como o Reino Unido e os EUA, decisões judiciais já impuseram restrições ao uso do reconhecimento facial em investigações criminais. No Brasil, o debate ainda está em fase inicial, mas cresce a pressão por maior regulamentação e transparência no uso dessas tecnologias. Além disso, a preocupação com o uso de deepfake para falsificação de provas e manipulação de evidências levanta novos desafios para o Direito Penal. Como distinguir entre provas autênticas e fabricadas digitalmente? Como evitar que criminosos utilizem essas ferramentas para burlar o sistema de justiça? O Futuro da Tecnologia no Direito PenalO avanço tecnológico no Direito Penal é inevitável, mas deve ser acompanhado de regulamentação eficaz e de uma abordagem ética. O equilíbrio entre inovação e proteção dos direitos fundamentais será essencial para garantir que essas ferramentas sirvam à justiça e não se tornem instrumentos de arbitrariedade. Para os profissionais do Direito, a atualização constante sobre novas tecnologias e seus impactos jurídicos se torna indispensável. A revolução digital já está em curso, e cabe ao Direito garantir que ela aconteça de maneira justa e responsável. (Imagem de herbinisaac por Pixabay)

Colunistas Saulo Vital

O caso de Buriticupu: por mais Zoneamentos Ecológicos-Econômicos (ZEE)

Provavelmente, muitos já estão acompanhando a situação em Buriticupu, no Maranhão. Existem muitas voçorocas que têm se espalhado por uma área significativa deste município. Este caso nos chama a atenção para o fato de que um desastre dessa magnitude acontece devido a vários fatores. O primeiro deles diz respeito ao contínuo desmatamento que ocorreu nos últimos anos. Em uma linguagem mais compreensível para o público, podemos defini-las como grandes rachaduras no solo, resultantes da erosão provocada pelas precipitações. Neste cenário, a remoção da vegetação, frequentemente, torna-se a principal origem deste tipo de problema. Em Buriticupu, prevê-se uma diminuição significativa na biomassa nos últimos anos. Além disso, outros elementos, como a natureza arenosa dos solos e a insuficiência da infraestrutura de drenagem e saneamento básico, se destacam como outros elementos que contribuem para esse desastre. No entanto, é importante destacar que o caso de Buriticupu, juntamente com outros espalhados pelo Brasil, ilustra problemas resultantes da ausência de planejamento urbano. Sim! Da falta de planejamento, uma vez que não considerar fatores naturais na expansão das cidades constitui uma falta grande e um total desconhecimento acerca do que vem a ser o mínimo dos requisitos necessários para um planejamento e ordenamento do território. Na ciência geográfica, este instrumento de orientação se desenvolve através do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), que, nos últimos anos, vem se demonstrando como uma ferramenta eficaz para o planejamento urbano. Esse tipo de instrumento leva em consideração as características naturais e sociais de uma localidade, e, através da cartografia, designa diferentes usos indicados para uma área, com base nos diferentes elementos da superfície terrestre. Desse modo, se todos os gestores utilizassem essa ferramenta nas suas tomadas de decisão, haveria, sem dúvida, uma infinidade menor de “Buriticupus” no Brasil e no mundo.  Saulo Roberto de Oliveira Vital 27 de fevereiro de 2025 (Foto: Voçorocas no Município de Buriticupu, MA. Fonte: Poder 360)

Adriana Costa Colunistas

Relacionamento “instagramável”

Outro dia, um querido separou da mulher com quem teve dois filhos amados, um bom apartamento e uma convivência sob o mesmo teto por cerca de 20 anos. Até aí tudo bem. Novidade zero. Até porque a gente já desconfiava que o relacionamento estava no limite porque a cada dez postagens no Instagram dele, 11 eram de declarações de amor ou frases motivacionais e isso, quando feito em excesso… não pode ser normal, mesmo. Por fim, a nossa suspeita foi concretizada e rolou a separação. Agora a vida do ex-casal tem a seguinte dinâmica: filhos e bens divididos e, por parte dele, uma tentativa desesperada de mostrar para ela que superou o “término” e que está super bem com um novo “eterno” amor, fruto de um “relacionamento instagramável”. Esse termo, foi a melhor das melhores traduções que o nosso grupo de amigos encontrou para definir a situação do querido que, por sua vez, passou a caprichar na escolha dos lugares onde leva a nova namorada que, assim como os ambientes frequentados, também é instagramável, ou seja, tem boa aparência para protagonizar belas fotos que passaram a enfeitar o feed dele, milimetricamente organizado para mostrar apenas fotos “descoladas” ao lado do novo “eterno” amor. Isso seria lindo se aqui, na vida real fora das redes sociais, o cara não tivesse se tornado um chato. Um carente. Uma figura que, fracassadamente, tem tentado disfarçar o quão perdido ficou após o fim do casamento. Sim… digo “fracassadamente” porque no feed a alegria é visível. Mas, fora do feed o tom de voz dele para com os mais próximos ganhou uma “nota” de desimpaciência que passou a incomodar, entristecer, aborrecer e afastar alguns. Tudo isso depois da separação. Como gosto muito de me informar… vi que a Psicologia tem estudado bastante as causas e efeitos de certas postagens nas redes sociais e que passou a encarar alguns casos como tentativa de validação e aprovação dos outros para se sentir bem consigo mesmo e até como necessidade de manter uma imagem perfeita nas redes sociais apesar da vida ter virado um “barco das ilusões”. Aqui, do meu cantinho, morro de pena da moça por ela ter entrado num relacionamento que é utilizado pelo cara como boia para fugir da realidade de não saber lidar com a rejeição ou o fracasso pelo fim do casamento que durou cerca de 20 anos. O lado bom dessa história é que… testemunhar essa situação me faz renovar três certezas inabaláveis que -há muito!- acalento no meu íntimo: 1- O luto, seja ele qual for, tem que ser vivido até ser totalmente esgotado; 2- Cada pessoa tem um tempo próprio; 3- O tempo próprio que não é respeitado por preocupação com o que “os outros vão dizer ou pensar” leva, inevitavelmente, a um dia a dia de sofrimento e a uma existência rasa que empobrece todo tempo de passagem por este plano de vida. Ao mesmo tempo em que digito essa coluna, torço… torço muito para que as pessoas desenvolvam coragem para lidar com questões pessoais ou emocionais mais profundas sem se importar com o que os outros vão pensar sobre o assunto. Torço… torço muito para que as pessoas respeitem mais os próprios limites e a própria individualidade. Torço… torço muito para que se amem mais e dependam cada vez menos da aprovação de outras pessoas que, por vezes, só viu pelas redes sociais. (Imagem de Peggy und Marco Lachmann-Anke por Pixabay)

Colunistas Henrique Maroja

Entrelinhas do Mercado Almagre: Suporte local e poesia, tudo junto!

Em Ponta de Campina, Cabedelo, o Mercado Almagre nasceu de uma vontade, quase uma obsessão, de transformar o espaço. Idealizado por Fabiano Lucena e fortalecido por Henrique Maroja, o empreendimento não foi apenas uma construção, mas um elo entre passado e futuro, entre a história da Paraíba e a vibração contemporânea que fazia os corações pulsarem mais rápido. O nome “Almagre”, que em árabe significa “areia vermelha”, já dizia muito sobre o que viria: um convite ao mistério, à ancestralidade e, claro, à pluralidade cultural. Algo nascido do encontro de tantas coisas — das influências mouras da colonização, do sal, da areia e das pessoas que se encontraram ali. A pegada do Mercado Almagre sempre foi clara, livre e alternativa. Um local onde a rigidez dos espaços comerciais tradicionais era deixada de lado, dando espaço para a arte e para a cultura. Artistas locais podiam se apresentar sem pressa de ser grandes, autores lançavam suas obras como quem leva uma semente ao solo fértil, e blocos de carnaval (fantasmas do almagre e fantasminhas) nasciam ali, como uma ressurreição da história daquele lugar. Nas ruas de Almagre, o samba, o frevo e a poesia se misturavam aos acordes de novos artistas e ao calor humano que só um mercado tão cosmopolita poderia proporcionar. A conexão entre Fabiano e Henrique era a chave do sucesso. Eles sabiam exatamente o que queriam: um espaço para quem desejasse ser livre, sem amarras, onde a regra era clara: “é proibido proibir”. Essa filosofia impulsionava o Mercado, que se tornou um centro de resistência cultural e um ponto de encontro para todos os tipos de pessoas. Ali, os limites não existiam. Podiam se misturar empresários e artistas, políticos e trabalhadores da construção civil, ricos e pobres, solteiros e casais, trisais, amantes e ex-amantes. O Mercado Almagre era um espelho da sociedade, mas com uma nuance de magia, como um lugar onde os encontros e desencontros aconteciam como se o próprio espaço tivesse o poder de moldar as pessoas. Os ciclos de clima — com seus invernos e verões — refletiam bem as transformações do Almagre. O inverno, com seus ventos frios e águas turvas, trazia uma calmaria que contrastava com os verões quentes, onde o Mercado fervilhava de energia. Era durante essas estações que o público se alternava, com turistas e moradores, jovens e velhos, dançando ao som da vida que ali se celebrava. Contudo, a magia do lugar nunca se dissipava. Mesmo com a mudança das estações, o Mercado Almagre nunca perdeu sua essência. Ele sempre foi o mesmo, mas ao mesmo tempo era outro, renovado pela paixão e pelas novas ideias que traziam consigo. Não eram apenas os negócios que ganhavam espaço na região; o Mercado Almagre também atuava como uma mola propulsora do crescimento da construção civil e da urbanização ao redor. Novos empreendimentos, condomínios, lojas e restaurantes surgiram em torno dele, e sua presença parecia dar força ao desenvolvimento, como se o Mercado fosse o coração pulsante de Ponta de Campina, Cabedelo. Mas, claro, nem todos compartilhavam dessa visão. Os moradores locais, que até então conheciam a esquina como um ponto de anonimato, começaram a se queixar do barulho constante, das noites longas e da movimentação incessante que atravessava suas rotinas mais silenciosas. Havia, de fato, uma tensão na transformação do Mercado Almagre. Para alguns, ele era sinônimo de progresso e celebração da cultura, mas para outros, o agito e o frenesi de tantos públicos o tornavam uma força invasiva. Era uma esquina que, de repente, passou do anonimato ao estrelato em um piscar de olhos, uma mudança que parecia, muitas vezes, arranhar a paciência dos que ali moravam. A energia vibrante do Mercado, com seu calendário de eventos e programação sempre imprevisível, alterava os ritmos da cidade, trazendo à tona tanto o encantamento mas por vezes alguma rusga. Ainda assim, o que o Mercado Almagre representava para seus frequentadores mais entusiastas era algo indiscutível. Ele era uma opção constante, uma agenda cultural viva e pulsante, que oferecia não apenas entretenimento, mas uma experiência de convivência única. E, no fundo, todos sabiam que ali, mais do que um mercadinho, estava uma poesia a céu aberto. Poesia que se faz com encontros e desencontros, com separações e uniões, com a arte da vida acontecendo a cada esquina. Era o Mercado Almagre: um espaço onde tudo podia acontecer, onde a cidade se transformava e o imaginário se ampliava. Fica aqui nosso singelo registro de todos os bons momentos e experiência vividas, e bem vividas, por uma tribo eclética e única que sabe que o que foi vivido ali ninguém apaga da memória. Viva o Almagre, viva as relações construídas, viva as novas fases e empreendimentos que surgiram e surgirão a partir desse estado de espírito que foi esse espaço!

Colunistas Ygor Lorena

A Revolução da Inteligência Artificial no Direito: Desafios Éticos e Regulatórios

A inteligência artificial (IA) tem provocado transformações significativas em diversas áreas, e o Direito não é exceção. No Brasil e no mundo, tribunais e escritórios de advocacia têm adotado ferramentas de IA para otimizar processos, aumentar a eficiência e reduzir custos. No entanto, essa revolução tecnológica traz consigo desafios éticos e regulatórios que precisam ser enfrentados para garantir a segurança jurídica e a proteção dos direitos fundamentais. As Novas Diretrizes do CNJ para o Uso da IA no Judiciário No dia 18 de fevereiro de 2025, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou um conjunto de diretrizes para regulamentar o uso da inteligência artificial no sistema judiciário brasileiro (https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/02/18/cnj-aprova-regras-gerais-para-uso-dainteligencia-artificial-na-justica.ghtml). Segundo as novas normas, a IA deve atuar de forma auxiliar e complementar, sem substituir a decisão humana. Esse marco regulatório busca equilibrar a inovação tecnológica com a preservação da autonomia dos magistrados. Entre os principais pontos estabelecidos pelo CNJ, destacam-se: Casos Polêmicos no Uso da IA no Direito A regulamentação do CNJ vem em um momento crucial, pois casos recentes no Brasil e no exterior demonstram os riscos do uso indiscriminado da inteligência artificial no meio jurídico. Nos Estados Unidos, advogados enfrentaram sanções após apresentarem documentos em processos judiciais com referências fictícias geradas por IA (https://www.reuters.com/technology/artificial-intelligence/ai-hallucinations-court-papersspell-trouble-lawyers-2025-02-18). Esse incidente reforça a necessidade de um controle rigoroso para evitar que erros algorítmicos comprometam a justiça. Já na Colômbia, um juiz utilizou um sistema de IA para fundamentar uma decisão judicial, gerando intenso debate sobre a autonomia da tecnologia nas decisões judiciais (https://elpais.com/america-colombia/2024-08-25/una-demanda-de-un-nino-con-autismoabre-el-debate-para-regular-el-uso-de-la-ia-en-la-justicia-colombiana.html). O caso evidenciou a necessidade de se estabelecer limites claros para o uso da IA nos tribunais, garantindo que a automação não substitua a interpretação jurídica humana. Desafios Éticos e Regulatórios da IA no Direito Embora a IA traga eficiência e precisão, sua implementação no Direito levanta questões éticas fundamentais: O Marco Regulatório da IA no Brasil Para enfrentar esses desafios, o Senado brasileiro aprovou, em dezembro de 2024, o primeiro marco regulatório da inteligência artificial no país (https://www.cnnbrasil.com.br/politica/senado-aprova-marco regulatorio-da-inteligenciaartificial-no-pais). A legislação estabelece princípios fundamentais para o uso ético da IA, incluindo: Conclusão: Caminhos para um Uso Seguro da IA no Direito A inteligência artificial tem um enorme potencial para aprimorar a prática jurídica, tornando processos mais ágeis e acessíveis. No entanto, sua implementação deve ser feita com responsabilidade, garantindo que a automação não comprometa a imparcialidade e a segurança jurídica. A regulamentação do CNJ e o marco regulatório da IA no Brasil representam avanços importantes, mas a discussão sobre o uso ético da tecnologia no Direito está apenas começando. É essencial que advogados, juízes e legisladores estejam atentos aos desafios e evoluções dessa revolução tecnológica para garantir que a justiça continue sendo, acima de tudo, humana. (Imagem: Image by Gerd Altmann from Pixabay)

Colunistas Henrique Maroja

O Mestre Fuba e a Parahyba Oculta

Na terra da brisa e do sol a pino,Ergue-se o Mestre Fuba, o sonhador genuíno,Com sua pena afiada, de verbo sábio e fino,Ele escreve a Parahyba que se esconde no destino. No fio da história, entre sombras e risos,Fuba ergue a memória, revela os abismos,De um estado que tem alma, mas silencia os seus,Dos que fizeram história, sem serem nomeados em céu. “Parahyba 1930: a verdade omitida”,É seu livro, sua lida, sua chama acesa,Derrubando os véus da história perdida,Com seu olhar de aguçado, de alma acesa. E nas páginas brotam os nomes esquecidos,Gente comum, mas de feitos infinitos,O professor que lutou em sala e em rua,O músico que fez da dor uma rua,O poeta que na palavra a vida costura,O empreendedor que pela terra almeja a cura. Fuba, com seus versos de sensibilidade pura,Dá voz aos invisíveis da grande arquiteturaDo Estado que, na luta, também se construiu,Mas cujos heróis, muitas vezes, se perdeu. Ele vê o esforço, o trabalho e o suor,Naqueles que não têm fama, mas têm amorPelo seu povo, pela terra, pelo seu chão,E com sua escrita, os exalta em canção. Entre as páginas, uma Parahyba ergue-se novamente,Uma Parahyba de rostos, de almas, de gente,Que construiu sua força sem se render,E agora, no coração de Fuba, vem a florescer. O Mestre Fuba, com sua pena de ouro,Escreve a história que o vento não levou,Ele traça a rota dos invisíveis heróis,Dando a cada um o valor que o tempo ocultou. E assim, sua obra se espalha pelo Brasil,A revelação de um povo que nunca se exauriu,Com sua sensibilidade, com seu olhar tão certeiro,Fuba nos ensina a reconhecer o verdadeiro. A Parahyba que ele escreve, que ele canta e conta,É uma terra viva, que a cada dia afrontaOs silêncios do passado e os ecos do presente,É a Parahyba da luta, do amor constante, emergente. Cidade Parahyba, 28 de dezembro de 2024 Henrique Maroja 

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