Colunistas Henrique Maroja

Crônica – A Geração do Depois

A palavra do nosso tempo não é mais “sim”, nem “não”. É depois. Ela escorre da boca como se fosse resposta universal para tudo que exija esforço, concentração ou uma dose mínima de disciplina. Ler um livro? Depois. Fazer um curso? Depois. Escrever aquele projeto, estudar aquela matéria, organizar as finanças, começar a terapia, aprender a cozinhar, entender como o mundo funciona? Depois. E o “depois” de hoje, sabemos, é só o nome educado do nunca. Vivemos numa cultura molenga, amortecida, onde o mínimo já parece muito, e qualquer coisa fora da bolha do prazer instantâneo é descartada com desinteresse. Há uma indiferença escancarada diante do que é importante, uma apatia disfarçada de leveza. “Ah, deixa fluir”, dizem. Mas o que flui mesmo é o tempo – e ele não volta. O problema não é a falta de talento, nem de oportunidade. É a falta de tesão em crescer. A geração atual – tão criativa, tão conectada, tão cheia de potencial – parece ter se tornado refém de uma preguiça existencial. Não a preguiça gostosa de um domingo à tarde, mas aquela que paralisa. Que neutraliza. Que embrulha qualquer possibilidade de conquista dentro do papel de presente do depois. Disciplina virou palavrão. Dedicação, sinônimo de careta. Concentração, uma ofensa à dopamina. E qualquer convite à melhoria pessoal soa como um esforço desnecessário diante da promessa colorida de um vídeo de 15 segundos que dança, ri e “entretém”. Como competir com isso? É como se o mundo real – aquele onde o sucesso demora, onde a aprendizagem exige tempo, onde o crescimento dói – tivesse perdido o charme. E em seu lugar, cresceu um mundo artificial onde tudo é rápido, fácil, bonitinho e sem consequência. Um lugar onde o fracasso não existe, onde não se sua, não se insiste, não se aprofunda. E ainda assim, todos seguem cansados. Cansados sem ter feito. Frustrados sem ter tentado. Perdidos sem terem saído do lugar. Porque mesmo que o corpo esteja imóvel, a mente cobra. Cobra o tempo desperdiçado, cobra a promessa não cumprida, cobra a vida não vivida com mais coragem. A verdade é que o “depois” está matando a potência de uma geração brilhante. Gente boa, cheia de ideias, de sonhos – mas que espera o algoritmo decidir a próxima ação. Espera um sinal do céu ou um áudio motivacional pra começar qualquer coisa. Espera “a vontade bater”. Como se a vontade batesse à porta, fizesse check-in e dissesse: “Pronto, agora vai!”. Mas não vai. Nunca vai. Porque crescer dá trabalho. Porque ninguém aprende nada importante sem ralar. E porque tudo o que vale a pena exige começar antes, não depois. A geração do depois ainda pode virar a geração do agora. Mas vai ter que brigar com o próprio comodismo, com a sedução do sofá, com o vício da distração e com essa ideia insidiosa de que viver é só consumir, e não construir. O tempo está passando. O mundo continua girando. E a pergunta fica: você vai deixar pra depois mais uma vez? João Pessoa, 05 de maio de 2025 (Imagem de 8photo no Freepik)

Colunistas Henrique Maroja

O verdadeiro jacaré dos anos 90 e início de 2000

Nos anos 90 e início dos 2000, a Praia do Jacaré não era apenas palco do mais famoso pôr do sol da Paraíba – era o refúgio secreto da juventude. A partir de quinta-feira à noite, a vila ribeirinha se transformava num roteiro mágico. O calor do fim de tarde dava lugar a uma brisa salgada e misteriosa, anunciando uma sequência de festas que marcariam gerações. Cada dia tinha nome, clima e música próprios; juntos, formavam um calendário afetivo que só fazia sentido completo na memória de quem viveu aquela época. Às quintas-feiras, entrávamos na atmosfera do Caleidoscópio. Partíamos de João Pessoa ao anoitecer, cruzando uma estrada de barro estreita onde nada se via além dos faróis. Com cada quilômetro, crescia a sensação de estarmos a caminho de algo proibido: o píer de madeira ficava longe, quase secreto, tornando tudo ainda mais emocionante. Ao chegar ao nosso “ponto de encontro”, éramos recebidos por lanternas tremeluzindo entre coqueiros e pelo grave profundo de um som de alta qualidade. O Caleidoscópio era um esconderijo adulto: luzes coloridas dançavam na noite enquanto batidas eletrônicas invadiam a mata, fazendo-nos acreditar que havíamos entrado noutro universo. Quando a sexta-feira chegava, trocávamos o clima de segredo pelo ar festivo da Aldeia do Rio. Esse píer, mais próximo e iluminado pelo luar, era amplo o suficiente para reunir tribos diferentes e várias gerações. Lá, patricinhas desfilavam com saltos altos, outras tribos eram mais pé no chão com suas sandálias havaianas, roqueiros pulavam de calça jeans rasgada, nós que éramos mais praianos de bermuda e tênis, e até turistas de férias descobriam aquela festa antes mesmo das hashtags existirem. A trilha sonora abria com bandas de pop e rock no começo da noite, e depois DJs locais mantinham a animação; tudo isso sob o céu aberto, com o luar refletido no rio. A Aldeia do Rio encarnava o espírito do “sextou” muito antes da palavra existir – uma euforia coletiva em que cada brinde anunciava a glória do fim de semana. No sábado, o Solar das Águas abria suas portas cedo, já ao entardecer, no primeiro píer de fácil acesso. Ali, o som era de pagode, samba e forró, tocando sem interrupção sob o próprio céu. Não havia paredes, apenas o firme brilho das estrelas para nos cobrir enquanto a brisa do mangue refrescava nossos corpos. Jovens de camisas floridas rodopiavam na pista improvisada, carregando copos de cerveja gelada, caipirinhas, uisque e a tradicional cachaça bebida em viradas de copo americano dividido entre amigos. O Solar das Águas tinha o calor de uma grande roda de amigos: reunia a juventude dourada de João Pessoa e os turistas curiosos, compartilhando sorrisos sob o luar até altas horas. Mas o ápice do fim de semana sempre acontecia no domingo, com o lendário Rock no Rio. Durante o dia, a praia fervilhava de jovens nos lendários bares Peixe elétrico, pote de barro, convívio mar num ritual sagrado do domingo na capital paraibana daquela época, á espera que viria à noite. Da praia partíamos para a casa de um amigo (sempre havia uma casa disponível) para dar o pontapé inicial daquela que era a melhor e mais esperada balada da semana toda. Entre risos e planos para a semana que viria, sabíamos que aquele era nosso ritual de despedida do fim de semana. Quando o sol começava a cair, partíamos em massa para o píer do Rock. No cais de madeira, a cena era de cinema: a juventude mais bonita e livre da capital, de mãos dadas com turistas de outros cantos. As bandas locais – Os Impossíveis, Área 51, Hangar 18 e várias outras – assumiam o palco com riffs rasgados e letras sobre estrada, amor e rebeldia. Cantávamos juntos, sentindo uma onda de liberdade coletiva, como se fôssemos donos do mundo, antes mesmo de o resto do planeta notar que Jacaré tinha seu próprio som. Hoje, porém, há outro retrato na beira do rio. As quatro grandes baladas deram lugar a quiosques de artesanato, bares de frutos do mar e feirinhas gastronômicas. As pessoas vão ao Jacaré para o famoso pôr do sol ao som do saxofone de Jurandy, não mais para dançar até de madrugada. Os turistas chegam em passeios de catamarã, tirando fotos e comprando lembranças, completamente alheios ao festejo rebelde de antes. A ginga das pulseiras de forró e o som das guitarras foram substituídos pelo murmúrio do público em mesas de bambu e pelo vai-e-vem dos barcos sobre o luar. Guardamos a saudade das madrugadas sem fim, da areia úmida sob os pés e dos abraços que selavam cada despedida. Sabemos que a Jacaré de hoje é outra, e que cada geração vive sua própria viagem. Mas algo daquele tempo permanece imutável dentro de nós: a certeza de ter feito parte de algo único, uma história secreta gravada na memória. E é com esse sabor agridoce na alma – meio salgado como a brisa do mar, meio doce como a última música da noite – que seguimos adiante, orgulhosos das noites lendárias que um dia foram nossas. João Pessoa, 12 de maio de 2025 (Imagem: Freepik)

Colunistas Henrique Maroja

O campinho dos Expedicionários 

Se alguém me pedisse para resumir a minha infância em uma palavra, eu diria: “mistura”. Porque não há nada que represente mais aqueles anos dourados da década de 80 e 90, no Bairro dos Expedicionários, em João Pessoa, do que a fusão de vidas, histórias e perspectivas que se encontravam ali, no campinho de areia, onde o futebol não era apenas um jogo, mas a arte de viver. Era um campo sem cercado, sem banco de reserva e sem glamour. Era, essencialmente, a quintessência da rua, do improviso. O cheiro da terra misturado ao suor, o som das peladas ecoando por todo o bairro, a bola suja rolando como se o próprio destino jogasse entre nós, crianças e jovens. O futebol, porém, não era só futebol ali, era o palco onde as distâncias sociais se diluíam. Quem ia ao campinho encontrava uma verdadeira Torre de Babel de vidas. Havia os meninos de 8, 9, 10 anos, ainda com os cabelos curtos e rostos inocentes, e havia também os garotos mais velhos, de 16 a 19 anos, com a idade de quem já experimentava os primeiros rastros da juventude: os sonhos, as brigas, as paixões e, às vezes, os pesadelos. Alguns com tênis surrados e outros com os melhores modelos que a vida lhes podia dar, mas a grande maioria descalço — filhos de delegados, professores universitários, advogados, empresários; enquanto ao lado, os filhos de operários, vendedores, os meninos de pais mais humildes, sem tanto luxo, mas com uma força de vontade inabalável. E ali, naquele pequeno pedaço de terra batida, ninguém se importava com o sobrenome ou o endereço. A bola era a única coisa que falava mais alto. Em um momento, você estava driblando o “filhinho de papai”, e no outro, se defendendo de um chute forte de um “moleque da rua”. Não importava a origem ou o status, a paixão pelo futebol era a mesma. O campinho era uma escola viva de empatia e resiliência. E era nele também que as diferenças sociais se tornavam quase invisíveis. Mesmo com a separação que o mundo real tentava criar entre as classes, ali, no meio da poeira e das risadas, tudo se diluía. Claro, tudo ali também tinha sua dose de dureza. A infância não era exatamente “protegida” como as de hoje. Lembro que os amigos de infância não eram raros a atravessar a linha tênue entre o legal e o ilegal. O campinho não era só palco de futebol, mas também de cenas que os meninos de 10 anos não deveriam ver: amigos assassinados, outros que sumiam sem explicação, uns levados pela polícia, outros pela droga, e muitos que nunca mais apareceriam, já no final da adolescência, perdidos para as sombras do crime. Era a vida sendo forjada entre quedas e novas chances. E nós, com nossas energias e sonhos inocentes, nos acostumávamos com essa realidade bruta, quase sem saber o quanto nos preparava para um futuro imune ao medo, ou ao menos mais forte do que as gerações posteriores poderiam imaginar. Entre os momentos de futebol, de arriscar um gol, de ganhar e perder, havia também a busca por algo mais simples: a água da torneira enferrujada dentro da casa abandonada em frente ao campinho, ou as frutas das árvores que nos faziam sentir como pequenos ladrões em busca de doçura. Carambolas, mangas, pitombas, goiabas, jambo, saputi e araçá, frutas que nos alimentavam não apenas o corpo, mas a alma. Quem passasse por ali jamais poderia imaginar que, por trás daquelas risadas, existiam muitas lições de sobrevivência. E a morte, tão presente naquele tempo, nos ensinava a encarar a vida de outra forma. Não éramos preparados para nada, mas aprendíamos a sobreviver de uma maneira que os tempos modernos, com suas redes sociais e medos inventados, talvez não permitam mais. Hoje em dia, o que vejo é uma sociedade que tenta proteger demais seus filhos, mas que ao mesmo tempo, perdeu o sentido de que a vida, por mais dura que seja, também é feita de tropeços, de amizades improváveis e de momentos simples que valem mais do que qualquer escudo. E, sim, aquele campinho de areia foi um grande laboratório da vida, onde nos misturamos sem medo, sem distinções, onde vimos de tudo um pouco, e até o mais distante dos mundos se encontrava. Não havia a rigidez de hoje, onde a vida parece muito mais controlada, monitorada e pré-determinada. Naquele pedaço de terra batida, éramos todos iguais. Éramos só crianças e jovens em busca de uma felicidade, muitas vezes fugaz, mas intensamente verdadeira. A mistura de gerações, de classes, de esperanças e de frustrações, fez de nós o que somos hoje: gente que, na falta de um escudo protetor, encontrou na resiliência, na união e na paixão pelo jogo o maior de todos os aprendizados. E assim, enquanto a bola rolava e as tardes se esticavam para a noite, nos tornávamos mais do que jogadores. Tornávamo-nos, sem saber, parte de um grande time chamado “vida”. (Image by Sasin Tipchai from Pixabay)

Colunistas Henrique Maroja

Entrelinhas do Mercado Almagre: Suporte local e poesia, tudo junto!

Em Ponta de Campina, Cabedelo, o Mercado Almagre nasceu de uma vontade, quase uma obsessão, de transformar o espaço. Idealizado por Fabiano Lucena e fortalecido por Henrique Maroja, o empreendimento não foi apenas uma construção, mas um elo entre passado e futuro, entre a história da Paraíba e a vibração contemporânea que fazia os corações pulsarem mais rápido. O nome “Almagre”, que em árabe significa “areia vermelha”, já dizia muito sobre o que viria: um convite ao mistério, à ancestralidade e, claro, à pluralidade cultural. Algo nascido do encontro de tantas coisas — das influências mouras da colonização, do sal, da areia e das pessoas que se encontraram ali. A pegada do Mercado Almagre sempre foi clara, livre e alternativa. Um local onde a rigidez dos espaços comerciais tradicionais era deixada de lado, dando espaço para a arte e para a cultura. Artistas locais podiam se apresentar sem pressa de ser grandes, autores lançavam suas obras como quem leva uma semente ao solo fértil, e blocos de carnaval (fantasmas do almagre e fantasminhas) nasciam ali, como uma ressurreição da história daquele lugar. Nas ruas de Almagre, o samba, o frevo e a poesia se misturavam aos acordes de novos artistas e ao calor humano que só um mercado tão cosmopolita poderia proporcionar. A conexão entre Fabiano e Henrique era a chave do sucesso. Eles sabiam exatamente o que queriam: um espaço para quem desejasse ser livre, sem amarras, onde a regra era clara: “é proibido proibir”. Essa filosofia impulsionava o Mercado, que se tornou um centro de resistência cultural e um ponto de encontro para todos os tipos de pessoas. Ali, os limites não existiam. Podiam se misturar empresários e artistas, políticos e trabalhadores da construção civil, ricos e pobres, solteiros e casais, trisais, amantes e ex-amantes. O Mercado Almagre era um espelho da sociedade, mas com uma nuance de magia, como um lugar onde os encontros e desencontros aconteciam como se o próprio espaço tivesse o poder de moldar as pessoas. Os ciclos de clima — com seus invernos e verões — refletiam bem as transformações do Almagre. O inverno, com seus ventos frios e águas turvas, trazia uma calmaria que contrastava com os verões quentes, onde o Mercado fervilhava de energia. Era durante essas estações que o público se alternava, com turistas e moradores, jovens e velhos, dançando ao som da vida que ali se celebrava. Contudo, a magia do lugar nunca se dissipava. Mesmo com a mudança das estações, o Mercado Almagre nunca perdeu sua essência. Ele sempre foi o mesmo, mas ao mesmo tempo era outro, renovado pela paixão e pelas novas ideias que traziam consigo. Não eram apenas os negócios que ganhavam espaço na região; o Mercado Almagre também atuava como uma mola propulsora do crescimento da construção civil e da urbanização ao redor. Novos empreendimentos, condomínios, lojas e restaurantes surgiram em torno dele, e sua presença parecia dar força ao desenvolvimento, como se o Mercado fosse o coração pulsante de Ponta de Campina, Cabedelo. Mas, claro, nem todos compartilhavam dessa visão. Os moradores locais, que até então conheciam a esquina como um ponto de anonimato, começaram a se queixar do barulho constante, das noites longas e da movimentação incessante que atravessava suas rotinas mais silenciosas. Havia, de fato, uma tensão na transformação do Mercado Almagre. Para alguns, ele era sinônimo de progresso e celebração da cultura, mas para outros, o agito e o frenesi de tantos públicos o tornavam uma força invasiva. Era uma esquina que, de repente, passou do anonimato ao estrelato em um piscar de olhos, uma mudança que parecia, muitas vezes, arranhar a paciência dos que ali moravam. A energia vibrante do Mercado, com seu calendário de eventos e programação sempre imprevisível, alterava os ritmos da cidade, trazendo à tona tanto o encantamento mas por vezes alguma rusga. Ainda assim, o que o Mercado Almagre representava para seus frequentadores mais entusiastas era algo indiscutível. Ele era uma opção constante, uma agenda cultural viva e pulsante, que oferecia não apenas entretenimento, mas uma experiência de convivência única. E, no fundo, todos sabiam que ali, mais do que um mercadinho, estava uma poesia a céu aberto. Poesia que se faz com encontros e desencontros, com separações e uniões, com a arte da vida acontecendo a cada esquina. Era o Mercado Almagre: um espaço onde tudo podia acontecer, onde a cidade se transformava e o imaginário se ampliava. Fica aqui nosso singelo registro de todos os bons momentos e experiência vividas, e bem vividas, por uma tribo eclética e única que sabe que o que foi vivido ali ninguém apaga da memória. Viva o Almagre, viva as relações construídas, viva as novas fases e empreendimentos que surgiram e surgirão a partir desse estado de espírito que foi esse espaço!

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O Mestre Fuba e a Parahyba Oculta

Na terra da brisa e do sol a pino,Ergue-se o Mestre Fuba, o sonhador genuíno,Com sua pena afiada, de verbo sábio e fino,Ele escreve a Parahyba que se esconde no destino. No fio da história, entre sombras e risos,Fuba ergue a memória, revela os abismos,De um estado que tem alma, mas silencia os seus,Dos que fizeram história, sem serem nomeados em céu. “Parahyba 1930: a verdade omitida”,É seu livro, sua lida, sua chama acesa,Derrubando os véus da história perdida,Com seu olhar de aguçado, de alma acesa. E nas páginas brotam os nomes esquecidos,Gente comum, mas de feitos infinitos,O professor que lutou em sala e em rua,O músico que fez da dor uma rua,O poeta que na palavra a vida costura,O empreendedor que pela terra almeja a cura. Fuba, com seus versos de sensibilidade pura,Dá voz aos invisíveis da grande arquiteturaDo Estado que, na luta, também se construiu,Mas cujos heróis, muitas vezes, se perdeu. Ele vê o esforço, o trabalho e o suor,Naqueles que não têm fama, mas têm amorPelo seu povo, pela terra, pelo seu chão,E com sua escrita, os exalta em canção. Entre as páginas, uma Parahyba ergue-se novamente,Uma Parahyba de rostos, de almas, de gente,Que construiu sua força sem se render,E agora, no coração de Fuba, vem a florescer. O Mestre Fuba, com sua pena de ouro,Escreve a história que o vento não levou,Ele traça a rota dos invisíveis heróis,Dando a cada um o valor que o tempo ocultou. E assim, sua obra se espalha pelo Brasil,A revelação de um povo que nunca se exauriu,Com sua sensibilidade, com seu olhar tão certeiro,Fuba nos ensina a reconhecer o verdadeiro. A Parahyba que ele escreve, que ele canta e conta,É uma terra viva, que a cada dia afrontaOs silêncios do passado e os ecos do presente,É a Parahyba da luta, do amor constante, emergente. Cidade Parahyba, 28 de dezembro de 2024 Henrique Maroja 

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Crônica: A Eterna Presença de Severino Maroja

O domingo amanheceu iluminado pela memória de um homem que, por onde passou, deixou marcas profundas e um legado impossível de ser esquecido. Hoje, dia 09 de fevereiro de 2025, no estádio Almeidão, na Capital paraibana, uma cabine de imprensa foi inaugurada em homenagem a Severino Maroja, o eterno prefeito de Santa Rita, mas também um símbolo de dedicação e compromisso com o esporte, a educação e as boas ações. Maroja foi muito mais do que um nome: ele foi um homem de visão e de ação. Nascido no seio de uma família ligada ao campo e à agricultura, ele soube, como poucos, transformar as raízes da cana-de-açúcar em alicerces de um império que não só enaltecia a tradição, mas também promovia o desenvolvimento local. A famosa cachaça “Engenho do Meio” tornou-se sinônimo de qualidade e autenticidade, refletindo o caráter de quem a produzia. Entretanto, foi na política e no esporte que Severino Maroja deixou sua marca indelével. Foi três vezes prefeito de Santa Rita, mas, mais do que cargos, ele se tornou o rosto de uma cidade em constante transformação. Sua gestão foi marcada pela melhoria das condições de vida, pelo incentivo à educação e pelo compromisso com o bem-estar de todos. Sua visão sobre o papel da educação no desenvolvimento de uma comunidade era ampla, e sua ação sempre foi de fato um farol de esperança e avanço. E, ao lado de sua esposa Estefânia, duas vezes deputada estadual, e de seu irmão Zé Luis Maroja, uma vez deputado, Severino consolidou uma verdadeira força política, mas sem perder o foco no que realmente importava: as pessoas. Ele compreendia a política não como uma conquista pessoal, mas como uma ferramenta de transformação social. E não é à toa que, por onde passava, o carinho e o respeito dos cidadãos eram evidentes. A relação de Maroja com o esporte, especialmente com o futebol, é um capítulo à parte. Ele foi o guardião do Santa Cruz de Santa Rita, o clube que ele reformou e ajudou a alçar voos altos no campeonato paraibano no início da década de 90. O time, que encontrou na liderança de Maroja um impulsionador de sonhos, brilhou naquelas edições do campeonato, e as conquistas se tornaram símbolo de uma cidade unida pela paixão pelo esporte. Mas, acima de tudo, Maroja era um homem sensível, que sabia o poder transformador do esporte na vida das pessoas. Ele sempre foi um defensor incondicional dos atletas, daqueles que, por meio do suor e do esforço diário, se elevavam e se tornavam exemplos de perseverança. Ele acreditava no esporte como um caminho para a disciplina, a educação e, claro, a inclusão. Hoje, no Almeidão, na capital paraibana, a cabine de imprensa que leva seu nome é um tributo mais que merecido. E é impossível não refletir sobre como a homenagem de hoje é o coroamento de uma vida inteira dedicada ao bem-estar das pessoas e à melhoria da cidade e estado que tanto amou. Maroja se eterniza, não apenas na história de Santa Rita, mas também na memória do futebol paraibano e da imprensa desportiva, que, sem dúvida, sempre o terá como um grande patrono. A sua presença, tão forte e tão humana, permanece em cada canto da cidade, em cada atleta que encontrou no esporte uma forma de superação, em cada estudante que teve acesso à educação de qualidade, em cada cidadão que conheceu a bondade e a generosidade de Severino Maroja. E assim será, para sempre, como a lembrança de um homem que semeou o bem e o amor por onde passou. Porque, afinal, como ele sempre dizia: “A gente é feito para servir. E a melhor maneira de servir é com coração aberto e mãos dispostas a trabalhar pelo bem de todos.” Hoje, seu nome ecoa, reverberando em todos os campos e nas ruas de Santa Rita e do futebol paraibano, como um legado eterno. João Pessoa, 09 de fevereiro de 2025 Henrique Maroja Confira imagens:

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