Erva-de-são-joão e açafrão se destacam, mas maioria dos produtos tem evidências fracas ou inconclusivas
Um amplo estudo científico analisou 64 remédios naturais e suplementos vendidos livremente para tratamento da depressão, mas apenas alguns – como erva-de-são-joão, açafrão e probióticos – apresentaram resultados consistentes. Enquanto esses produtos demonstraram eficácia comparável a antidepressivos convencionais, dezenas de outros, como lavanda e magnésio, tiveram evidências fracas ou contraditórias.
A depressão afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e muitos buscam alternativas naturais aos antidepressivos tradicionais. Um estudo abrangente, publicado recentemente, revisou mais de 200 ensaios clínicos envolvendo 64 produtos de venda livre, desde ervas medicinais até suplementos nutricionais. Os resultados mostram que, embora alguns remédios naturais tenham efeitos promissores, a maioria carece de evidências científicas robustas.
Os que funcionam
– Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum): Com 38 ensaios clínicos analisados, essa planta mostrou eficácia comparável a antidepressivos farmacêuticos em casos de depressão leve a moderada.
– Açafrão (Curcuma longa): Presente em 18 estudos, o açafrão demonstrou redução significativa nos sintomas depressivos, especialmente em populações do Oriente Médio e Ásia.
– Ômega-3 e probióticos: Embora com resultados menos consistentes, esses suplementos apresentaram benefícios em alguns pacientes, possivelmente devido à conexão entre saúde intestinal e mental.
Os que ainda precisam de mais estudos
– Lavanda e erva-cidreira: Mostraram efeitos positivos em alguns ensaios, mas as evidências ainda são limitadas.
– Magnésio e melatonina: Resultados mistos, sem conclusão definitiva sobre sua eficácia.
– Ginseng e ginkgo biloba: Apesar do uso popular, nenhum ensaio clínico rigoroso comprovou seus benefícios para depressão.
Segurança e preocupações
A boa notícia é que a maioria dos produtos analisados não apresentou riscos significativos à saúde. No entanto, os pesquisadores alertam para possíveis interações com medicamentos convencionais, especialmente no caso da erva-de-são-joão, que pode reduzir a eficácia de anticoncepcionais e anticoagulantes.
Contexto na Paraíba
No Brasil, o uso de fitoterápicos tem crescido, inclusive na Paraíba, onde plantas medicinais são parte da cultura popular. Apesar disso, muitos paraibanos ainda desconhecem quais produtos têm respaldo científico. Profissionais de saúde locais destacam a importância de orientação médica antes do uso desses suplementos, especialmente por pacientes em tratamento com antidepressivos.
O que falta na pesquisa?
Os autores do estudo apontam a necessidade de mais ensaios clínicos bem desenhados, principalmente para produtos amplamente usados, mas pouco estudados, como camomila e hortelã-pimenta. Além disso, poucos estudos avaliaram o custo-benefício desses tratamentos para os sistemas de saúde.
Conclusão
Embora remédios naturais como erva-de-são-joão e açafrão ofereçam esperança para quem busca alternativas aos antidepressivos, a ciência ainda tem um longo caminho para validar a eficácia da maioria desses produtos. Enquanto isso, a recomendação é clara: sempre consulte um profissional de saúde antes de iniciar qualquer tratamento.
(Fonte: redação Click100 com informações de Frontiers / Adaptado de estudo original por Rachael Frost / Imagem: Freepik KamranAydinov)