Unidade prisional em João Pessoa é alvo de questionamentos após transferência autorizada pela Justiça
A autorização judicial para transferência do influenciador Hytalo Santos e do marido, Israel Natã Vicente, conhecido como Euro, para a Penitenciária do Róger, em João Pessoa, reacendeu críticas à estrutura da maior unidade prisional da Paraíba.
A Penitenciária Desembargador Flóscolo da Nóbrega, conhecida como Penitenciária do Róger, voltou a ser alvo de críticas em cenário nacional após a Justiça de São Paulo autorizar a transferência do influenciador Hytalo Santos e do marido, Israel Natã Vicente, para a unidade localizada em João Pessoa.
A decisão foi emitida na segunda-feira (25/08) e determina que o casal, preso há 11 dias no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, seja encaminhado à Paraíba para cumprir prisão preventiva. A expectativa é que ambos cheguem ao estado ainda nesta semana, mas até o momento não há confirmação oficial de que tenham sido recebidos pela penitenciária.
Com a repercussão do caso — que envolve investigações por tráfico humano e exploração sexual infantil — a estrutura do Róger voltou ao centro do debate público. A unidade, considerada de segurança média, é a maior do estado e há anos acumula denúncias de superlotação, infraestrutura precária e limitações no atendimento à população carcerária.
Segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em 2022 o presídio abrigava mais de 1.050 internos, embora tenha sido projetado para comportar apenas 470. Em momentos críticos, o número de detentos ultrapassou 1.400. A penitenciária possui um pavilhão específico para pessoas LGBTQIA+, onde o casal poderá ser alocado, conforme normas internas de proteção.
Em resposta ao cenário de superlotação, o Ministério Público da Paraíba (MPPB), em parceria com o Tribunal de Justiça da Paraíba e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), anunciou na última semana, a instalação da Central de Regulação de Vagas (CRV). O mecanismo, lançado oficialmente na terça-feira (26/08), visa garantir uma ocupação racional e transparente das unidades prisionais, promovendo o cumprimento digno da pena e o controle sistêmico da entrada e saída de detentos.
A CRV integra o Plano Pena Justa do CNJ e posiciona a Paraíba como o primeiro estado a implantar o modelo, que já funciona no Maranhão. A proposta é que cada vaga no sistema prisional seja tratada não apenas como espaço físico, mas como espaço jurídico e administrativo, regulado com base em critérios legais e constitucionais.
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A chegada de Hytalo e Euro à penitenciária representa uma mudança drástica em relação à vida de luxo que levavam nas redes sociais. Agora, o casal enfrenta uma rotina prisional marcada por controle rigoroso, celas coletivas e acesso limitado a itens básicos — em uma unidade que, mesmo com avanços institucionais, segue como símbolo das fragilidades do sistema penal paraibano.
(Fonte: redação Click100, Tribunal de Justiça de São Paulo, MPPB, CNJ / Imagem: reprodução frame Globonews)