Estudo da UFPB mostra que escolas cívico-militares elevam desempenho e reduzem violência
Um artigo publicado na International Journal of Educational Development, ainda no ano de 2021, voltou à cena e ganhou destaque nacional nesta semana após o governo de Minas Gerais propor uma consulta a 728 instituições da rede estadual para aderirem ao programa de expansão de escolas cívico-militares. A proposta representa uma expansão de aproximadamente 8.000%, já que o estado conta atualmente com apenas nove escolas no modelo. Minas possui cerca de 3.400 escolas públicas estaduais, que atendem 1,6 milhão de estudantes.
O estudo que reacendeu esse tema foi conduzido pelo professor Jevuks Matheus de Araújo, pós-doutor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Na época em que foi desenvolvido, ele analisou os efeitos da militarização em escolas públicas de Goiás, estado que foi pioneiro na implantação do programa dos Colégios Estaduais da Polícia Militar de Goiás (CEPMG). A pesquisa envolveu 66 mil alunos de 47 municípios, comparando 60 escolas antes e depois da adoção do modelo militar.
Utilizando dados do Censo Escolar, da Prova Brasil e do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), entre 2007 e 2020, o estudo registrou redução de 10% nas taxas de reprovação, aumento de 15,25 pontos em matemática, elevação de 11,61 em português e incremento de 0,6 na pontuação do Ideb — indicador em que Goiás e Paraná lideram nacionalmente.
Além do desempenho acadêmico, a pesquisa identificou queda significativa na violência escolar, como diminuição de roubos, ameaças a professores e consumo de álcool ou drogas por estudantes. Segundo o professor Jevuks, a melhoria do ambiente disciplinar é o principal fator associado aos resultados positivos.
Apesar dos avanços, o artigo adverte que o modelo cívico-militar deve ser tratado como uma alternativa complementar, e não como solução única. O autor defende novas pesquisas sobre o impacto do modelo em áreas como educação cívica, habilidades socioemocionais e liberdade pedagógica.
Com a proposta de expansão em Minas Gerais, o debate sobre os efeitos, limitações e implicações do modelo ganha ainda mais relevância no cenário nacional. O estudo da UFPB oferece dados robustos que podem ajudar gestores e educadores a compreender melhor os caminhos possíveis para a educação pública brasileira.
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(Fonte: redação Click100 com informações da Folha / Foto: reprodução Seduc-GO | Solimar de Oliveira)