Queda nos preços da luz e dos alimentos derruba índice que corrige salário mínimo e INSS
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como referência para reajustes salariais e benefícios previdenciários, registrou deflação de -0,21% em agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10/09) pelo IBGE. É a primeira queda mensal desde agosto de 2024 e marca o sexto mês consecutivo de desaceleração do indicador.
No acumulado de 12 meses, o INPC atingiu 5,05%, abaixo dos 5,13% registrados até julho. O índice é fundamental para o cálculo do salário mínimo, seguro-desemprego, benefícios previdenciários e teto do INSS, sendo considerado um dos principais termômetros da inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos.
A queda, segundo dados do INPC, foi puxada principalmente pelo grupo habitação, que recuou -1,04%, com destaque para a conta de luz, que teve redução de 4,32%. O alívio veio do Bônus Itaipu, que compensou a cobrança da bandeira tarifária vermelha 2 — um adicional de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos.
O segundo maior impacto negativo veio dos alimentos, com queda média de 0,54%, marcando a terceira deflação consecutiva do grupo. Como os alimentos representam 25% do peso do INPC — mais do que no IPCA — a redução tem efeito direto sobre o custo de vida das famílias de menor renda.
“O INPC tem por objetivo a correção do poder de compra dos salários, por meio da mensuração das variações de preços da cesta de consumo da população assalariada com mais baixo rendimento”, informou o IBGE.
A coleta de preços é feita em dez regiões metropolitanas e outras capitais, incluindo João Pessoa, Recife, São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Goiânia. O IPCA, considerado a inflação oficial, também registrou deflação em agosto: -0,11%.
Implicações legais e econômicas
A desaceleração do INPC pode influenciar diretamente os reajustes salariais de categorias profissionais e os valores dos benefícios sociais. Como o salário mínimo de 2026 será calculado com base no INPC de novembro, a tendência de queda pode reduzir o percentual de correção, impactando milhões de trabalhadores e aposentados.
Além disso, o resultado pode ser usado como argumento técnico em negociações coletivas, revisões contratuais e decisões judiciais que envolvam correção monetária. (Foto: Freepik)