Reconhecimento federal libera recursos para cidade-chave do Eixo Leste do São Francisco

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu, na segunda-feira (22/09), a situação de emergência em Monteiro, no Cariri paraibano, devido à estiagem prolongada. A cidade é considerada estratégica para o Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), sendo o ponto de chegada das águas transpostas à Paraíba pelo Eixo Leste.

Monteiro, que abriga a infraestrutura final do Eixo Leste do PISF, desempenha papel central na distribuição hídrica para dezenas de municípios paraibanos. A cidade recebe as águas do Rio São Francisco e as direciona ao Rio Paraíba, abastecendo reservatórios como o Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), responsável pelo fornecimento de água para Campina Grande e outras localidades do Agreste.

Apesar de sua importância hídrica, conforme checagem da redação Click100, Monteiro enfrenta agora um paradoxo: mesmo sendo porta de entrada da transposição, sofre com a escassez de chuvas e foi incluída na lista de municípios em situação de emergência publicada no Diário Oficial da União. Também foi reconhecida a emergência em São Vicente do Seridó, outro município paraibano afetado pela estiagem.

Com o reconhecimento federal, as prefeituras podem solicitar recursos para ações de defesa civil, como aquisição de cestas básicas, água mineral, kits de higiene e limpeza, além de refeições para trabalhadores e voluntários. Os pedidos devem ser formalizados por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), plataforma oficial do MIDR.

“O reconhecimento da emergência é essencial para que os municípios possam agir com rapidez e garantir assistência à população afetada”, destaca nota técnica da Defesa Civil Nacional.

Além da liberação de recursos, o MIDR oferece capacitações a distância para agentes municipais e estaduais, com foco na gestão de riscos e uso do S2iD. A medida busca fortalecer a resposta local diante de eventos climáticos extremos, como a estiagem que atinge o semiárido nordestino.

Implicações legais e estruturais

O reconhecimento da situação de emergência está amparado pela legislação federal, conforme previsto na Lei nº 12.340/2010 e no Decreto nº 7.257/2010, que regulam o apoio da União em casos de desastres. No caso de Monteiro, o impacto é duplo: além da vulnerabilidade climática, há o risco de comprometimento da operação do PISF, que depende de condições adequadas para manter o fluxo hídrico.

A situação reforça a necessidade de políticas públicas integradas entre abastecimento, gestão ambiental e defesa civil, especialmente em cidades que desempenham papel técnico e simbólico na segurança hídrica do Nordeste. (Imagem: reprodução Secom PB)

Rota da Água do São Francisco na Paraíba

1. Origem da Água

  • Fonte: Reservatório de Itaparica (PE), no Rio São Francisco
  • Eixo: Leste
  • Extensão total: 217 km

2. Chegada em Monteiro (PB)

  • Função: Ponto final do Eixo Leste
  • Infraestrutura: Canais, estações de bombeamento, comportas
  • Marco simbólico: Primeira cidade da Paraíba a receber água da transposição

3. Redistribuição Hídrica

  • Destino imediato: Leito do Rio Paraíba
  • Reservatórios beneficiados: Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão)
  • Municípios atendidos: Campina Grande, Esperança, Lagoa Seca, Queimadas, entre outros

4. Impactos Regionais

  •  Segurança hídrica para mais de 1 milhão de pessoas
  •  Estímulo à agricultura irrigada e ao algodão orgânico
  •  Fortalecimento da cidadania hídrica no semiárido

5. Contradição Atual

  • Situação: Monteiro reconhecida em estado de emergência por estiagem (set/2025)
  • Paradoxo: Mesmo sendo porta da transposição, sofre com escassez hídrica
  • Resposta federal: Liberação de recursos via Defesa Civil Nacional

Situação atual do Reservatório de Itaparica (PE)

Segundo o boletim oficial da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), publicado em 4 de setembro de 2025, o Reservatório de Itaparica — também conhecido como Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga — que é fonte das águas da transposição direcionadas para Monteiro, apresenta condições críticas de armazenamento:

  • Volume útil atual: 1,39%
  • Volume armazenado: 4.214.000 m³
  • Capacidade máxima: 303.478.000 m³
  • Classificação: Situação de colapso

Esse nível extremamente baixo indica que o reservatório está operando muito abaixo da capacidade necessária para garantir segurança hídrica, energética e ambiental. A classificação “colapso” significa que o volume disponível não atende aos usos múltiplos previstos — como abastecimento humano, irrigação, geração de energia e suporte à transposição.

Implicações para a transposição

Monteiro, na Paraíba, segundo checou a redação Click100, depende diretamente do fluxo hídrico proveniente de Itaparica via Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Com o reservatório em colapso, há risco de interrupção ou redução significativa na vazão bombeada para o estado, o que pode comprometer o abastecimento de dezenas de municípios paraibanos.

A Resolução ANA nº 2.081/2017 estabelece faixas de operação e defluência mínima para reservatórios como Itaparica, visando garantir usos múltiplos mesmo em períodos de escassez.

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