Humorista pernambucano marcou gerações com teatro de bonecos e sátiras políticas na TV nordestina

O humorista pernambucano Augusto César Barreto de Oliveira, conhecido como Augusto Bonequeiro, morreu nesta terça-feira (04/11), aos 74 anos, em Fortaleza. Diagnosticado com Alzheimer e Parkinson, o artista estava internado e vivia em uma casa de repouso, acompanhado por familiares e amigos. A causa da morte não foi divulgada.

A informação divulgada pelo Diário do Nordeste conta que Bonequeiro foi um dos principais nomes do teatro de bonecos no Brasil, com atuação marcante na televisão e nos palcos. Criador do programa “Hora do Chibata”, exibido por mais de 15 anos na TV Tambaú, em João Pessoa (PB), ele se destacou por unir humor popular, crítica social e educação em suas apresentações.

Legado na TV e nos palcos

Radicado no Ceará desde 1980, Augusto Bonequeiro também foi diretor do Theatro José de Alencar entre 1986 e 1987. Na TV Jangadeiro, comandou o programa “Bodega do Encrenca” por duas décadas. Seu trabalho com o boneco Fuleiragem abordava temas como dengue, ISTs e AIDS, com apresentações em escolas e shows noturnos.

“Ele contribuiu de forma magistral para o engrandecimento do nosso humor, agindo numa linha específica de humor com bonecos, tanto educativo quanto performático”, afirmou Jader Soares, diretor do Museu do Humor Cearense.

Reconhecimento e influência

Em 2024, Augusto foi homenageado com uma sala dedicada a ele no Museu do Humor Cearense. Também recebeu o título de Mestre da Cultura do Ceará, reconhecimento oficial por sua contribuição à arte popular e à formação de novos artistas.

“Ele vai deixar muita saudade porque era uma figura amorosa, gentil, solidária. Tinha um trabalho incrível na formação e transmissão do saber”, declarou Luisa Cela, secretária da Cultura do Ceará.

O humorista Bené Barbosa, conhecido pelo personagem Papudim, também destacou a generosidade de Augusto: “Foi o cara que me deu oportunidade na televisão. Um artista sem igual, que abria portas para os outros”.

Implicações culturais e jurídicas

A trajetória de Augusto Bonequeiro reforça o papel do humor como ferramenta de crítica social e educação. Sua atuação com bonecos em ambientes escolares e comunitários exemplifica o uso da arte como instrumento de cidadania, alinhado às diretrizes da Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que reconhece a cultura popular como componente curricular.

Além disso, sua produção televisiva e teatral contribuiu para a consolidação do direito à liberdade de expressão artística, previsto no artigo 5º da Constituição Federal.

A morte de Augusto Bonequeiro representa uma perda significativa para a cultura nordestina. Seu legado permanece vivo na memória de quem riu, aprendeu e se emocionou com suas criações — e inspira novas gerações de artistas e educadores. (Texto: redação Click100 / Imagem de capa: reprodução Diário do Nordeste)

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