O cidadão paraibano que deseja obter a primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH) precisa trabalhar, em média, mais de três meses para reunir o valor necessário. O dado foi divulgado pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) com base em critérios da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre comprometimento saudável da renda familiar.
Segundo a Febraban, o limite considerado financeiramente equilibrado para comprometer com um objetivo específico é de 30% da renda mensal. Na Paraíba, onde a renda média per capita é de R$ 1.401, esse percentual representa R$ 420,30 por mês. Como o custo da CNH nas categorias A+B é de R$ 1.366,67, o cidadão levaria 3,25 meses para juntar o valor necessário — isso sem considerar outras despesas básicas.
O levantamento, segundo checou a redação Click100, revela não apenas o esforço financeiro exigido, mas também a desigualdade regional no acesso à habilitação. Enquanto no Distrito Federal o tempo estimado para reunir o valor é de cerca de dois meses, estados do Norte e Nordeste, como Maranhão, Piauí e Amazonas, enfrentam os maiores obstáculos, com baixa renda média e menor número de condutores habilitados por habitante.
Além do custo, o tempo de formação também é um entrave. O processo atual pode ultrapassar R$ 4.400 e levar quase um ano para ser concluído, o que contribui para um cenário preocupante: cerca de 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação.
Para enfrentar esse desafio, o Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes, propõe um novo modelo que pode reduzir em até 80% o custo da CNH nas categorias A e B. A proposta prevê flexibilização na escolha das aulas teóricas e práticas, que poderão ser realizadas com instrutores autônomos credenciados, sem carga horária mínima obrigatória. A Senatran também oferecerá curso teórico gratuito.
“Hoje, cerca de 80% do valor da CNH está concentrado nas aulas das autoescolas. Com o novo modelo, o cidadão poderá escolher como se preparar, com mais liberdade e menos custo”, destaca a Senatran em nota técnica.
A população pode contribuir com sugestões para o projeto por meio da plataforma Participa + Brasil até o dia 2 de novembro. A proposta busca democratizar o acesso à habilitação, reduzir desigualdades e garantir segurança no trânsito. (Texto: redação Click100 / Infográfico: Detrans, CFCs e IBGE / Imagem de capa: Freepik)
Confira o infográfico: