A situação extremamente desagradável vivida pela atriz Ingrid Guimarães em um voo da American Airlines, de Nova YorK para o Rio de Janeiro, passa por várias camadas ao meu olhar e não apenas no fato de ter sido escolhida para um “downgrade”, procedimento temido por todo mundo que costuma viajar de avião e vai entre as famosas primeira classe e econômica e que consiste na troca -não apenas de assento!-, mas de categoria inferior ao da passagem que você comprou.

Sim, o procedimento existe, não é novidade nenhuma e funciona meio que como um rolo compressor onde quem paga mais caro sempre vai ter todas as vantagens sobre quem paga mais barato por uma viagem de avião. Sempre.

Bom, falei lá em cima que o caso da Ingrid passa por várias camadas aos meus olhos. Vou explicar os motivos.

Vamos lá, então.

Primeiro, enxergo a violência com a qual ela foi tratada no voo. Bixoooo… eu morreria ao ver todos os passageiros serem induzidos a se voltarem contra mim.

Segundo, enxergo a tristeza e o incômodo nauseante provocados em uma pessoa que recebe um ultimato violento de que teria que ser rebaixada “por bem ou por mal“, jogo de palavras este que me “fere” e incomoda muito porque deixa clara a forma desrespeitosa como a Ingrid foi tratada pela empresa e, pior, na frente de todo mundo.

O fato pesa muito quando chega nas agressões verbais e na forma de persuasão insistente que os funcionários da American Airlines dispensaram à nossa querida.

No título desse artigo sugiro que o Projeto de Lei nº 719/2025, proposto pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), poderia ter evitado o constrangimento da Ingrid. E sim, acho que teria, sim.

O PL que tramita no Senado Federal, promete colaborar com mais segurança às mulheres que viajam sozinhas. Aí algum bonito (a) que está lendo pode dizer: “Ahh… mas, a Ingrid estava com a irmã e o cunhado”. E eu vou dizer: “Mas, ela estava numa situação em que não conseguiu viajar em trio nas poltronas com os familiares. Ou seja, estava numa condição de viajante solo como observa a proposta do Projeto que, em sendo aprovado, vai valer para viagens interestaduais e internacionais”.

Na época de em vivemos toda ajuda para combate à violência contra a mulher é válida até porque, em casos como este, vemos que a aplicabilidade da Lei, quando aprovada, poderia ter ajudado a Ingrid como suporte para que ela não mudasse de poltrona porque ela teria, por força legal e sob pretexto de segurança, escolhido aquele dito assento.

Esse Projeto me veio à cabeça porque a alegação de Ingrid estava na condição de “mulher viajando sozinha” teria sido utilizada como justificativa pela abordagem a ela dedicada.

Nesse episódio, para mim, a “cereja do bolo trash” que a American Airlines ofereceu a Ingrid foi saber que o único funcionário brasileiro optou por ser grosseiro, num português que ela entenderia muito bem, e dito: “Querida, melhor você sair, [porque vai ter que sair] por bem ou por mal”.

Por esse diálogo vê-se que se trata de uma empresa “desumana” de uma ponta a outra.

E olha… digo mais… não é tão raro alguém que já viajou pela American Airlines ter uma história ruim para contar. Pasme… eu também tenho.

A Ingrid, pelo menos, vai poder ver o constrangimento minimizado, como disse o funcionário brasileiro “por bem ou por mal“. Pelo jeito foi por “mal”, ou seja, pela pressão internacional dos consumidores do Brasil que são, inegavelmente, os mais barulhentos na internet que esse planeta inteiro já viu. E esse fato, desculpem, me faz sentir muito bem.

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