Parlamentares da PB, SP e ES estão entre os que mais usaram verba médica
Apesar de terem acesso a planos de saúde robustos e atendimento em hospitais de alto padrão, deputados federais já solicitaram R$ 11,5 milhões em reembolsos médicos desde o início da atual legislatura, em 2023. Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) e revelam que 305 dos 513 parlamentares recorreram ao ressarcimento de despesas médicas, com gasto médio de R$ 37,5 mil por deputado.
Ranking dos maiores reembolsos
O deputado Paulo Folletto (PSB-ES) lidera o ranking com R$ 600,8 mil em reembolsos. Em 2023, ele passou por cirurgia e, no ano seguinte, afastou-se por 90 dias para tratamento quimioterápico nos Estados Unidos. Em segundo lugar, Luiz Carlos Motta (PL-SP) declarou ter feito exames e cirurgia, totalizando R$ 391 mil. Luciano Bivar (União-PE), terceiro colocado, alegou procedimento de urgência na coluna.
Outros nomes que aparecem na lista incluem Amália Barros (PL-MT), com R$ 338 mil — mesmo fora do exercício parlamentar — e Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), que detalhou cirurgias no quadril, catarata e tratamento oncológico.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também consta no levantamento: ocupa a 58ª posição, com R$ 48,8 mil em reembolsos médicos. Procurado, não se manifestou.
Falta de transparência nos gastos
Embora os valores sejam pagos com verba pública, a Câmara dos Deputados não divulga os detalhes das despesas, alegando que se tratam de “informações pessoais relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem”. A justificativa é que há “inviabilidade jurídica” para fornecer o detalhamento.
Segundo o site da Casa, o Programa Pró-Saúde oferece cobertura médico-hospitalar e odontológica por meio de rede conveniada à Caixa Econômica Federal, além de hospitais de referência como o Sírio-Libanês e o DF Star. A inscrição no programa é facultativa, e os reembolsos podem ser solicitados para tratamentos particulares, com limite de R$ 135,4 mil por nota. Procedimentos estéticos são proibidos, mas não há divulgação sobre o que é ressarcido.
Custeio e subsídio público
De acordo com a Câmara, o Pró-Saúde é estruturado em modelo associativista, sem fins lucrativos, e recebe recursos privados e públicos. Na atual legislatura, foram aportados R$ 7,8 milhões em recursos privados e R$ 11 milhões da própria Câmara, totalizando um custeio acumulado de R$ 3,2 milhões.
O que dizem os parlamentares
A maioria dos deputados não detalhou os serviços médicos ressarcidos. Entre os que se manifestaram, Arnaldo Jardim e Vander Loubet explicaram que os procedimentos foram devidamente declarados e realizados conforme as normas da Casa. Loubet relatou cirurgias por cálculos renais que afetaram sua agenda parlamentar.
Já Erika Hilton (PSOL-SP), que aparece na 81ª posição com R$ 37,4 mil, justificou parte dos gastos com uma septoplastia realizada no ano passado.
(Fonte: redação Click100 com dados via LAI, Metrópoles e Câmara dos Deputados / Imagem: Freepik)