Vereador abandona presidência da CPI e critica tentativa de transformar investigação em palanque
O vereador Raoni Mendes (DC) renunciou, nesta quinta-feira (18/09), à presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Combustíveis da Câmara Municipal de João Pessoa, alegando distorções no processo e tentativa de transformar a investigação em um “palanque político”. A decisão foi anunciada após impasses regimentais e críticas públicas sobre sua condução dos trabalhos.
A renúncia de Raoni Mendes à presidência da CPI dos Combustíveis marca um novo capítulo na turbulenta investigação sobre supostas práticas anticompetitivas entre postos de combustíveis em João Pessoa. Em pronunciamento contundente, o vereador afirmou que não se associaria a “procedimentos ilegítimos” e que sua saída representa um compromisso com a verdade.
“Renuncio ao jogo político em nome da verdade. Desde o primeiro dia, defendi investigar de forma séria. Fiz audiência pública, chamei o Ministério Público, o PROCON, empresários e sindicatos. Sempre deixei claro: havendo provas, os culpados serão punidos”, declarou Raoni.
A CPI, conforme lembra a redação Click100, foi instalada em meio a controvérsias, com Raoni assumindo a presidência mesmo após ter se posicionado contra a existência de cartel na capital paraibana. A escolha gerou reações imediatas, especialmente do vereador Guguinha Moov Jampa (PSD), autor da proposta que originou a comissão.
“Se deixar o vereador Raoni como presidente, vai comprometer essa CPI”, afirmou Guguinha em plenário, ao retornar de licença motivada por um atentado a tiros contra seu carro.
A tensão aumentou quando um requerimento — sem previsão regimental — travou os trabalhos antes mesmo da primeira audiência. Raoni criticou a manobra e reforçou que a presunção de inocência é um direito fundamental, destacando que não há espaço para condenações sem provas.
“Não vê indícios não é fechar os olhos, é respeitar a verdade. Prefiro renunciar ao cargo do que ceder à distorção da verdade”, concluiu.
A CPI, que possui poderes equivalentes aos das autoridades judiciais, foi criada para investigar suspeitas de cartel e abusos nos preços dos combustíveis. A condução dos trabalhos será acompanhada por entidades civis e pela população, que espera respostas concretas.
Leia também: CPI dos Combustíveis começa sob pressão e vereadores pedem troca na presidência
Implicações
A saída de Raoni Mendes reacende o debate sobre imparcialidade na composição de CPIs e os limites entre investigação e disputa política. A renúncia pode abrir espaço para uma nova liderança mais alinhada ao consenso parlamentar, mas também levanta dúvidas sobre a continuidade e efetividade da comissão. (Imagem de capa: reprodução redes sociais)