Radiotelescópio avança em solo paraibano após negativa federal, com apoio de universidades e governo estadual

O radiotelescópio Bingo, previsto para ser o maior da América Latina, quase teve sua construção paralisada em 2025 após o Governo Federal negar pedido de isenção fiscal para importação de estruturas metálicas essenciais. O projeto só seguiu graças à mobilização conjunta de universidades, centros de pesquisa e o Governo da Paraíba.

Em julho de 2025, pesquisadores do projeto Bingo — uma colaboração Brasil-China liderada pelo Inpe, UFCG e USP — tiveram negado pelo CNPq o pedido de isenção fiscal para importar estruturas metálicas da China. A justificativa foi a exaustão da cota anual de isenção que, segundo divulgou a Folha e conforme checou a redação Click100, já havia sido comprometida meses antes.

No ano anterior, parte das mesmas estruturas havia sido adquirida com apoio do mecanismo. Desta vez, a negativa colocou em risco o cronograma de instalação do radiotelescópio, localizado no sertão da Paraíba.

Parcerias salvam projeto estratégico

A continuidade do Bingo só foi possível graças à articulação entre o CNPq, o MCTI, o CBPF e o Governo da Paraíba, que viabilizaram recursos e soluções alternativas para manter o projeto em andamento. A união institucional compensou a ausência de apoio federal direto e garantiu que o cronograma técnico não fosse comprometido.

O Bingo tem como objetivo mapear oscilações acústicas de bárions para estudar a energia escura do universo, colocando a Paraíba no centro da pesquisa astrofísica internacional.

Crise na cota de isenção afeta ciência nacional

A cota de isenção fiscal para importações científicas, gerida pelo CNPq, foi reduzida nos últimos dois anos. Em 2025, o valor disponível foi de US$ 229,2 milhões, mas já em julho restava apenas 0,7% do montante. A escassez afetou laboratórios em todo o país, como os da UFRJ, UnB e UFABC, que relataram dificuldades para importar insumos básicos.

Francilene Procópio Garcia, presidente da SBPC, alertou: “A abundância de recursos do fomento não resultará na eficiência de seu emprego devido à redução na isenção fiscal”.

Paraíba como exemplo de resiliência científica

A atuação do Governo da Paraíba foi decisiva para evitar o colapso do projeto. A capacidade de articulação local mostrou que, mesmo diante de limitações federais, é possível viabilizar ciência de ponta com parcerias estratégicas.

O CNPq afirma que busca elevar a cota para US$ 400 milhões em 2026, mas ainda não há garantias. Enquanto isso, o Bingo segue como símbolo de resistência e cooperação científica. (Texto: redação Click100 / Imagem de Capa: reprodução Ascom UFCG)

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