MPPB reforça ações preventivas com adesão ao programa nacional “Antes que Aconteça”

Entre janeiro e julho de 2025, vinte mulheres foram assassinadas na Paraíba por motivação de gênero, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O número representa a segunda pior marca da última década no estado, ficando atrás apenas de 2018, quando 22 mulheres foram mortas no mesmo período.

Diante do cenário, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) oficializou sua adesão ao programa nacional “Antes que Aconteça”, voltado à prevenção da violência contra a mulher. A assinatura do protocolo de intenções ocorreu na quinta-feira (11/09), em cerimônia na sede do MPPB, em João Pessoa, com a presença de autoridades dos três poderes e representantes da sociedade civil.

João Pessoa como referência nacional

Durante o evento, o procurador-geral de Justiça, Leonardo Quintans, destacou o papel pioneiro da capital paraibana:

“Foi aqui, nesta cidade, que nasceu a primeira Sala Lilás do Brasil, dentro do modelo estabelecido pelas diretrizes nacionais. Um marco que demonstra o compromisso da nossa gente com a causa.”

O programa, segundo checagem da redação Click100, prevê a instalação de 52 Salas Lilás em todo o estado, sendo duas já em funcionamento — uma em João Pessoa e outra em Campina Grande — além da Casa de Acolhimento Sílvia Mariz Fernandes, inaugurada em Campina Grande para receber mulheres vítimas de violência doméstica.

Perfil das vítimas e urgência da prevenção

No Brasil, uma mulher é morta a cada quatro horas por feminicídio. Em 2024, foram registrados 1.492 casos. A maioria das vítimas é negra (64%), tem entre 18 e 44 anos (70%) e foi assassinada dentro de casa (64%), por companheiros ou ex-companheiros (80%), geralmente com arma branca (48%).

Segundo o procurador-geral, a resposta institucional precisa ir além da punição:

“Nosso maior desafio é impedir que a violência aconteça. A punição é necessária, mas é resposta a um crime já consumado. Precisamos atuar antes.”

Vozes da prevenção

A promotora Ana Maria França defendeu uma abordagem integrada:

“A adultização infantil via redes sociais não é liberdade de expressão, é uma ameaça à dignidade da infância. Precisamos de educação parental, campanhas públicas e responsabilização de quem lucra com a vulnerabilidade.”

A coordenadora estadual do programa, Camila Mariz Ribeiro, compartilhou sua história pessoal:

“Minha mãe foi assassinada pelo meu pai. Falar sobre isso é lutar para que outras famílias não passem pela mesma dor. O feminicídio é evitável.”

A senadora Daniella Ribeiro, idealizadora do programa, reforçou o compromisso coletivo:

“Hoje damos um passo significativo, fortalecendo nosso compromisso contra a violência que atinge milhares de mulheres em todo o país.” (Foto: Freepik Rawpixel.com)

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